Amor elétrico
Qualquer emoção positiva: prato bom, viagem agradável, farra divertida... Deixa uma marca boa e leve que a gente não cede passem quantos forem os dias. Nosso cérebro é assim, manhoso... Carente de agrados e deleites com seus neurônios a postos para repetir. Para conectarem-se ao reconhecerem as boas experiências e entrarem em ação a exigi-las novamente. Esses viciados em prazer nos impõem a sua vontade com mais ênfase quanto mais tenha sido intensa a “aventura”. São ávidos em querer tornar permanente o que entendem que deve ser contínuo. É aí que entram as paixões. É aí que entra o amor. Passa a ser uma tomada que não pode mais ser desligada. Se isso ocorrer não haverá luz para se enxergar, fogo para se preparar o alimento da alma, ar condicionado para o calor sufocante das ausências. E ficamos sem o noticiário da(o) âncora preferida(o). Sem aquela voz pausada que sussurrava aos ouvidos as notícias que o ouvinte ego gostava de ouvir. Corrente desligada, precisaríamos pagar a conta do que consumimos irregularmente achando ser franqueado. A nova vida é uma torturante abstinência. Um exílio daquele “nós mesmos” que nos tornáramos. Uma tragédia sem mortos. Uma tristeza sólida que comprime sem data para afrouxar. Mentes perigosas as nossas! A eletricidade... Bem, essa está por aí disponível em milhares de tomadas esperando os neurônios viciados no velho endereço morrerem. É tudo uma questão químico-biológica.