TER CORAGEM..

Estevão, o primeiro mártir da Igreja foi lapidado (apedrejado até a morte) por Saulo de Tarso, o perseguidor maior dos cristãos, rabino poderoso que o levou a essa sentença capital. Defendeu fortemente Jesus, o Messias, a quem não conheceu. Foi corajoso e doce. Estevão se iluminou na solidão com Deus, do judaísmo alçou-se à nova aliança, aceitando o messianismo de Cristo.

Saulo diante da revelação, restando cego, encontrou a luz e de novo a visão em Damasco para onde Cristo o mandou. Encontrou depois Gamaliel, seu antigo professor e sábio já convertido, tido como louco, em inteira reclusão para ouvir a boa-nova. O mesmo fez o poderoso Saulo, o iluminado São Paulo, baluarte do cristianismo.

A reclusão, a fuga para a solidão das paragens onde se encontra Deus por privilegiar o silêncio da natureza, não significa deserção, mas também coragem para redirecionar o caminho diante das fragilidades do homem. Cristo se retirou para o deserto e também lá foi tentado a mostrar seu poder, o que feito neutralizaria seus ensinamentos de humildade.

A tentação é humana, não houvesse tentação e consequente desvio, inexistiria imperfeição e nada seria passível de reflexão, imperaria a inocência. A coragem está em se arrepender, seja através do silêncio da reclusão ou do reconhecimento firme de retornar à higidez de propósito. Nenhuma fuga há em se retirar, se essa vontade não reitera o desvio, antes busca restauração.

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Evangelho de S. Lucas, cap. 18, vers. 1.

A meditação

Frente à imensidão da tarefa e aos incessantes ataques do tentador, o desencorajamento surpreendeu o pároco simples. A vontade de se esconder em um monastério novamente se apossou dele. Ele então pegou seu guarda-chuva, seu breviário e

preparou sou bolsa. Desta vez, a terceira, ele aguardará a meia-noite para partir incógnito. A sorte não lhe sorriu. Há dias o sacristão o espreita e, rapidamente, toca o rebate (sino de toque rápido e dobrado). A população do vilarejo sai e imediatamente obriga o seu pároco a retornar para o presbitério. Na manhã seguinte, o pároco de Ars se desculpará: “Foi uma infantilidade”.

Uma das táticas preferidas do tentador é insinuar em nós o que Bernanos chamava de o mais doce elixir do demônio, o desencorajamento: de que serve orar se nada muda, lutar para sempre ter recaída?

Para combater tal sentimento, é preciso lembrar que nossa natureza foi ferida pela Queda. Se “o próprio justo cai sete vezes por dia”, nos diz o livro dos Provérbios (cap. 24, vers. 16), não espanta que caiamos tão frequentemente. O importante no combate contra o desencorajamento não é tanto os resultados obtidos, mas os esforços mobilizados. Nossa fragilidade também nos ensina a contar muito mais com Deus e sua misericórdia que com as nossas próprias forças. Se, apesar de tudo, continuamos a nos desencorajar, talvez seja necessário ver aí o sinal de falta de confiança em Deus, uma forma de orgulho disfarçado?

- O que queres que te faça? - Ajude-me, quando de minhas quedas, a partir imediatamente para o combate, pedindo ajuda aos santos que também por vezes se desencorajaram.”

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/02/2013
Reeditado em 20/02/2013
Código do texto: T4150262
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