COMPREENDER A INCOMPREENSÃO.

Não há um aparelhamento das pessoas para a compreensão mínima, preparo. Esse fenômeno humano é quase geral.

Entender, compreendendo a limitação dos outros que ofendem, exercem a inveja, desgastam interlocuções, ironizam, tripudiam, achincalham, seria pedir demais ao homem comum. Por quê? Por todos acharem que essas práticas e condutas são injustas. E são.

Conforme o caso são, inclusive, punidas pela lei, delitos contra a honra. Mas o importante é a absorção, se possível, pela compreensão. Ou seja, o gesto de ignorar. Sendo presencial o ofensor, identificado, dissecar a ofensa com agudeza. Quando se está do lado vitimizado, onde não há falta de respeito e educação, estamos do lado melhor, da razão.

E onde se situa tal estado de espírito sublimador, tão necessário para evitar confrontos?

Vejamos. Se a exposição às ofensas e agressões emocionais se situa em ausência de publicidade, a compreensão pode neutralizá-la, ignorando. Dir-se-ía, mas sou um sanguíneo de temperamento. Posso dizer pessoalmente, sou e já fui muitíssimo, sem “passar recibo” de aceitabilidade em nada. Mudei.

Não está nos outros nossa honra, é um bem pessoal. Na medida em que expõe e causa dano à personalidade a desrazão e a ofensa, outra conotação se apresenta. A publicidade tem contornos difíceis de alongar didaticamente, se tratando de internet e revogada a lei de imprensa.

Mas a internet, por exemplo, é um público-privado, um espaço diferente nesse sentido, por isso ainda ausente de mais precisão definidora.

Uma única vez uma pessoa me agrediu violentamente por força de um artigo meu sobre as guerras, uma apreciação histórica. A investida se fez em todas minhas crônicas e em meu correio. Não se escondeu e me desafiou a processá-lo, e o fez de forma aberta. Aos poucos descobri sua originária razão. Precisava de compreensão, e a tive, e ajudei. E prestei ajuda.

Disse ele ao final que eu era um leitor de almas, mas fez de forma indireta.

O que me traz de crescimento me colocar em rixa com “a” ou “b” em local de entretenimento e utilidade? Nada. Se tivesse de estar em embate de qualquer forma este não seria lugar próprio. E se alguém não me quiser receber como amigo neste espaço, é um direito seu.

Certa vez, quando iniciei no Recanto, uma senhora disse como eu podia me expor, por ver qual era minha profissão e atividade anterior. Achei graça, este é o valor que se dá aos outros sem ver que todos somos iguais independente do que representamos como pessoa. Nada falei, mas ela nunca mais fez qualquer comentário. Continuei a achar graça. Ficou intimidada. Tem lá suas razões, compreendo.

Dialogar, formar contraditório saudável é estimulante, agita os neurônios, “brigas” são absolutamente ridículas, mostram despreparo, se não forem vizinhas do campo intelectual serão, ao menos, e lamentavelmente, do espiritual E esse é o lado crucial do fato confrontador.

É preciso abrir a cabeça. Não há nada pior do que o aborrecimento, principalmente em local que é de lazer e entretenimento. Tenho uma placa que diz “não quero ter razão”. Por que preciso ter sempre razão? Os outros também a tem, e cada um pode ter a sua, o mundo se forma de divergências.

A alma é como uma porta aberta, entreaberta ou fechada. A fechada não sabe o que seja compreensão. Até ofensas necessitam serem compreendidas, PARA IGNORÁ-LAS...

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/02/2013
Código do texto: T4150018
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