O dia seguinte

O dia 13 de dezembro amanhece! Há sol, mas não brilha. Na rua o burulho é nornal mas, não escuto. A mim, tudo parece acizentado, lúgubre, sem cor. E, eu aqui, jogada, abandonada na cruel engrenagem da dor.

Neste dia seguinte, eu me sinto, solta, jogada, atirada na vida sem terra nos pés, sem guarida, sem rumo,completamente, perdida, sem elos, sem nada que me prenda ao passado, ao meu passado, minha infância e adolescência. Ela, era a minha mãe há sessenta e seis anos.E, nunca tinha eu, sentido a sua ausência! Em tudo, mesmo em silencio, ela estava presente, E, eu a perdi... agora...

Em poucos dias, mamãe foi embora... e eu pensei que ela fosse eterna, simplesmente, porque ela era, a minha vida materna... porque, no seu ventre, por nove meses me amou, naquela ansiosa e feliz espera da filha, muito antes de nascer, já tão amada!

Depois, egoisticamente seu leite eu sugava.Sua atenção, seus cuidados, reclamava. O seu colo, seu afago, o beijo, o abraço, o zelo. O amor em doação,a cada hora,cada dia,a vida inteira, inconscientemente, dela, eu exigia.

E, como se nada disso bastasse,feliz,triste ou incompreendida, era,a minha mãe, a quem sempre eu recorria.E, mesmo que, ali perto ela ficasse calada, eu ao seu lado, muitas vezes desolada, o seu carinho meu coração acalmava e, minha alma, o seu amor, restaurava.

De mansinho, mais das vezes sem dizer qualquer palavra, ela de mim, se aproximava... e, ao passar suas mãos pelos meus cabelos, a dor, o problema ou a decepção, saiam de mim, escapando pelos seus santos dedos.

E, agora, neste dia seguinte, da definitiva partida, eu, estou literalmente, perdida, solta... na vida.

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 20/02/2013
Reeditado em 03/11/2014
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