FOTOGRAFIA
Olhei aquele retrato e pensei: que arte maravilhosa é a fotografia. Aqui estou eu hoje, na chamada terceira idade, em minhas mãos está o retrato de uma meninha de uns dois anos de vida.
A foto prendeu minha atenção tanto quanto a cobra o faz ao pobre pássaro desavisado. Olhando-a pensei, que tenho poucas fotos de minha infância. Na vila diminuta que cresci, não haviam fotógrafos profissionais, e poucas eram as pessoas que possuíam uma máquina de fotografia. Mas, isso também acabava tendo seu lado bom da moeda, pois, as famílias se esmeravam no preparo dos trajes para a ocasião, porque sabiam que a fotografia se incumbiria de guardar um momento muito especial na vida de cada um.
Minha mãe, prendada com as mãos e uma doce e carinhosa mãe, no dia destinado, levou-me ao bairro da estação da Luz em São Paulo. Para isso vestiu-me com o vestido da foto, que foi bordado por ela, com mimosos raminhos de flores, o chapéuzinho, tinha os meus bordados que o vestido, e o traje era completado por meias brancas e sapatinhos de verniz preto. Sem esquecer da pulseirinha no braço esquerdo, um presente dado por minha avó Carmela, no dia do meu batismo.
Imagino o trabalho que foi para minha mãe, me produzir assim, depois tomar a maquininha que havia lá na vila, e com ela ir até a estação do nosso bairro, para pegar o trem, e após quase uma hora, por fim chegar à estação da Luz, e a pé segurando-me em seus braços, com todo cuidado para não amassar a caprichosa produção feita por ela, finalmente adentrar o endereço do estudio de fotografia.
Olhei novamente o retrato, e vi que pelo menos parece que eu colaborei, pois até os pézinhos fizeram pose para o momento tão especial.
Esse dia realmente era tido como um acontecimento pelas famílias, pois era raro. E não terminava aí o trabalho, após alguns dias, tinham que voltar ao local para buscar os albuns individuais, destinado a presentear os entes queridos. Não esquecendo de colocar uma dedicatória .
Correndo com suavidade os dedos por sobre o retrato, pensei o quanto de carinho e capricho, de minha mãe, ele guarda.
Nessa foto, não há somente uma menininha arrumada com seu melhor traje, mas existe principalmente o toque do desvelo materno, de um rico coração de mãe, que com esmero colocou em cada ponto do bordado do vestidinho, o seu amor.
Talvez, quem sabe, seja esse um dos motivos, que eu gosto tanto de fotografias. Num simples retrato como esse, posso sentir todo amor e o afeto que minha mãe tinha por mim, mesmo ela tendo partido há cinquenta anos atrás, em um registro como esse, percebo quanto afeto ela me dedicava.
(foto da autora)
Olhei aquele retrato e pensei: que arte maravilhosa é a fotografia. Aqui estou eu hoje, na chamada terceira idade, em minhas mãos está o retrato de uma meninha de uns dois anos de vida.
A foto prendeu minha atenção tanto quanto a cobra o faz ao pobre pássaro desavisado. Olhando-a pensei, que tenho poucas fotos de minha infância. Na vila diminuta que cresci, não haviam fotógrafos profissionais, e poucas eram as pessoas que possuíam uma máquina de fotografia. Mas, isso também acabava tendo seu lado bom da moeda, pois, as famílias se esmeravam no preparo dos trajes para a ocasião, porque sabiam que a fotografia se incumbiria de guardar um momento muito especial na vida de cada um.
Minha mãe, prendada com as mãos e uma doce e carinhosa mãe, no dia destinado, levou-me ao bairro da estação da Luz em São Paulo. Para isso vestiu-me com o vestido da foto, que foi bordado por ela, com mimosos raminhos de flores, o chapéuzinho, tinha os meus bordados que o vestido, e o traje era completado por meias brancas e sapatinhos de verniz preto. Sem esquecer da pulseirinha no braço esquerdo, um presente dado por minha avó Carmela, no dia do meu batismo.
Imagino o trabalho que foi para minha mãe, me produzir assim, depois tomar a maquininha que havia lá na vila, e com ela ir até a estação do nosso bairro, para pegar o trem, e após quase uma hora, por fim chegar à estação da Luz, e a pé segurando-me em seus braços, com todo cuidado para não amassar a caprichosa produção feita por ela, finalmente adentrar o endereço do estudio de fotografia.
Olhei novamente o retrato, e vi que pelo menos parece que eu colaborei, pois até os pézinhos fizeram pose para o momento tão especial.
Esse dia realmente era tido como um acontecimento pelas famílias, pois era raro. E não terminava aí o trabalho, após alguns dias, tinham que voltar ao local para buscar os albuns individuais, destinado a presentear os entes queridos. Não esquecendo de colocar uma dedicatória .
Correndo com suavidade os dedos por sobre o retrato, pensei o quanto de carinho e capricho, de minha mãe, ele guarda.
Nessa foto, não há somente uma menininha arrumada com seu melhor traje, mas existe principalmente o toque do desvelo materno, de um rico coração de mãe, que com esmero colocou em cada ponto do bordado do vestidinho, o seu amor.
Talvez, quem sabe, seja esse um dos motivos, que eu gosto tanto de fotografias. Num simples retrato como esse, posso sentir todo amor e o afeto que minha mãe tinha por mim, mesmo ela tendo partido há cinquenta anos atrás, em um registro como esse, percebo quanto afeto ela me dedicava.
(foto da autora)