Escrevo para viver e vivo intensamente para escrever. Não falo no sentido de sobrevivência, até por que nunca publiquei uma linha sequer do que eu escrevo, nunca corri atrás de editoras  e não existe nenhum motivo para justificar essa minha falta de atitude. Apenas não fui e minha vida seguiu outro caminho. Hoje sinto a necessidade de escrever, mas sem mostrar a cara, apenas a caricatura.
               Quando chegamos a uma certa idade, o passado começa a ocupar nossos pensamentos e nos obriga a reviver momentos bons e também ruins de nossa vida. São muitas histórias vividas e mesmo as ruins tornam-se interessantes. Sempre oscilamos entre o bem e o mal e essa dualidade é que torna a vida excitante. Fazemos um grande esforço para sermos bons, mas ao olharmos para trás, percebemos que às vezes fomos ruins. Apagar essas lembranças da memória? Claro que não. Foram eles que nos fizeram amadurecer e nos tornaram as pessoas que somos hoje.
               Ninguem melhor que Machado de Assis personificou a verdadeira essência do ser humano ao criar Capitu. Uma personagem que vive na ficção, mas é muito real. O tal do livre arbítrio nos dar a possibilidade da escolha e nem sempre escolhemos o certo. Pecar é fundamental para o nosso crescimento em todos os sentidos.
               O passado e o presente brigam para ver quem toma conta da minhas lembranças. Mas por que não viver o presente e escrever sobre o passado? Por que tenho que apagar minhas saudades? Por que não usar o passado para viver melhor no presente? Por que escrever sobre um personagem se já sou um? Por que criar uma história se já tenho a minha? Quero dividir minhas emoções. 
               A fênix entra em auto - combustão e das suas próprias cinzas renasce. Assim somos nós? Quantas vidas já tivemos? Quantas ainda vamos ter? A morte é o fim? Quantas vezes somos obrigados a renascer várias vezes numa mesma vida para sobreviver. Não renascemos das nossas cinzas, mas da nossa dor, das nossas perdas, de nossas tragédias. Enfim, somos como a fênix, nunca morremos, somo imortais.
 

José Raimundo Marques
Enviado por José Raimundo Marques em 19/02/2013
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