O diabo quando não vem, manda o secretário

Camaradas de Itabaiana propõem meu nome para a Secretaria de Cultura, mas eu prefiro ser secretário do babau de Chico do Doce. Falando em doce, a rapadura é doce, mas não é mole não! Doce é o sabor dos elogios sinceros dos amigos que me têm como um sujeito altamente mais ou menos.

Vejamos a fala da comadre vereadora Rosane Almeida: “Até hoje, não sabemos quem é o Secretário da Cultura de Itabaiana. Uma secretaria tão importante, fundamental para o desenvolvimento intelectual das pessoas é tratada com desdém. Em uma conversa entre amigos aqui em casa, surgiu o nome de Fábio Mozart. Todos concordaram que ele seria o melhor Secretário de Cultura do nosso município. Esse sim, daria um show, pois sabe aonde buscar recursos para esta área, além de ter um alto grau de intelectualidade. No entanto, em nosso município nem sempre o melhor é indicado para ser secretário.”

Comadre Rosane exagera nas tintas dos elogios. Fica por conta da amizade que une nossas famílias. O velho Leão não é lá essas coisas todas não. Sou apenas um militante das causas em que acredito, sendo uma delas a difusão cultural, mas sem mexer com negócios oficiais que nessa área só tive decepções.

O compadre Artur sapecou: “concordo com Rosane: não existe em Itabaiana uma pessoa tão capacitada e com contatos bons para trazer recursos para a cultura local quanto Fábio. Hoje ela não tem esse "poder" de colocá-lo como Secretário, mas um dia quando ela for prefeita, pode ter certeza que vai ser você, querendo ou não, vá logo se preparando psicologicamente”. Compadre, acredito que pessoas como Rosane são talhadas para promover mudanças, pelo componente de líder, com força moral. Com agentes políticos dessa qualidade, acho que é possível fazer coisas de um modo diferente. Mas, eu seria apenas um colaborador nesse ambiente sociopolítico que sonhamos, com pessoas realmente comprometidas. Secretário, jamais. Não tenho vocação para burocrata.

Esta história lembra um compadre blogueiro chamado Cunha Santos que queria ser secretário de qualquer coisa, menos do babau de Chico do Doce:

“Mamãe, eu quero ser secretário! Se alguém duvida, eis aqui o meu descarado currículo vital:

Como passei fome, posso ser Secretário de Abastecimento. Andei de ônibus a vida inteira, o que me credencia a ser Secretário de Transportes. Comi o pão que o diabo amassou, mereço, portanto a pasta da agricultura.

Não poderia ser Secretário de Obras porque só morei em palafitas, mas como sou mais preguiçoso que os outros, reivindico também a Secretaria de Trabalho.

A Secretaria de meus sonhos, entretanto, é a Secretaria de Educação. Meu prato predileto é merenda escolar e meus filhos todos são analfabetos funcionais. Sem contar que sou fã incondicional do presidente Lula, semi-analfa.

Se criarem, fico até com a Secretaria de Religião, que não paga imposto, mas recebe dízimo. E somente nela eu conseguiria pagar todos os meus pecados, que são tantos, mas não são muitos. Nessa secretaria eu enricava, mesmo sem querer.

Como já peguei meningite, bronquite, hepatite, artrite, celulite, sarampo, catapora, malária e tuberculose, na pior das hipóteses, fico com a Secretaria de Saúde. Mas, se jeito não houver, tomo conta da farmácia popular.”