BBB13

“assistimos e acompanhamos a algo danoso e perigoso. Muito ruim mesmo. Mas, como explicar este fenômeno? As intrigas, as fofocas, a disputa cruel e o jogo sujo, são eles. Exatamente esses elementos que fazem desta programação líder de audiência. Como explicar então, que na maioria das vezes aquele, que, vencedor, não participou deste cenário de horror e de vergonha! Não são os mesmos que assistem os que também votam no final?”

Como entender os milhares de telespectadores com alto nível de assiduidade que ficam – que perdem na verdade – horas diante da telinha a acompanhar outros semelhantes presos numa jaula global?

Como entender os sentimentos: emoções, desejos, ira, paixão, ódio, revolta, que são despertados nestes, que promovem este show da vida alheia privada?

Gostaria mesmo e muito ter uma formação suficiente capaz de poder explicar, ou, no mínimo analisar com maior e melhor propriedade tal situação. Foge-me. Por não estar a minha competência a identificação com o pensar populacho que ouço frequentemente, a de que ali se encontra desmascarado o comportamento do brasileiro!

Nossa!

Confesso que não sou um utópico otimista em relação ao povo brasileiro quanto ao seu grau de cultura; sociabilidade; educação; valores éticos e morais; políticos. Claro que não!

Mas espanto-me quanto a esta afirmação. Temo e tremo diante desta parousia apocalíptica brasileira. Não sei em que mundo vivo ou a que TV assisto, mas, pensei ainda viver numa sociedade mais digna; mais romântica; mais verdadeira em seus relacionamentos; mais politizada e vestida de maior nobreza. Pensei ser menor a intensidade da idiotice deste povo.

Tudo bem que os números já revelam e já denunciam aquilo que talvez eu teime em não querer admitir:

• O relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 2010, mostra o Brasil na 73ª posição entre 169 países. Os cinco primeiros colocados são, pela ordem, Noruega, Austrália Nova Zelândia, Estados Unidos e Irlanda. O cinco últimos são Zimbábue, República Democrática do Congo, Níger, Mali e Burkina Faso.

• Entre os mais de 189 milhões de brasileiros, há cerca de 26 milhões de leitores ativos que lêem pelo menos três livros por ano. ‘É muito pouco’, afirmou o ex-diretor executivo da Câmara Brasileira do Livro (CBL) Armando Antongini. Neste ano, a CBL deve divulgar nova pesquisa que vai traçar o retrato da leitura no Brasil. Segundo o último estudo da CBL, cada brasileiro lê, em média, 1,8 livro/ano, diferente dos EUA (cinco livros per capita) ou da Europa (entre cinco a oito livros lidos por habitante).

• Apenas 13% dos brasileiros frequentam cinema alguma vez no ano. 92% dos brasileiros nunca frequentaram museus. 93,4% dos brasileiros jamais frequentaram alguma exposição de arte. 78% dos brasileiros nunca assistiram a um espetáculo de dança, embora 28,8% saiam para dançar. Mais de 90% dos municípios não possuem salas de cinema, teatro, museus e espaços culturais multiuso.

• 11% dos jovens entre 18 e 24 anos têm acesso ao ensino superior no Brasil.

Na América Latina e Caribe, o índice é em torno de 32%.

4,6 milhões de alunos brasileiros estão matriculados na graduação.

1,2 milhões (26%) estão no ensino superior público.

2.270 é o total de Instituições de Ensino Superior.

248 são públicas (11%).

105 são federais (4,5%).

• 14% dos estudantes universitários vivenciam dificuldades socioeconômicas que são uma das principais causas de evasão (abandono do curso) e retenção (ocupação da vaga por tempo superior ao período regular).

• A cada 100 alunos que ingressam nas universidades públicas, 64 chegam ao final do curso.

R$ 486 milhões é o gasto anual com evasão no sistema de ensino superior federal.

Em comparação, R$ 265 milhões foi o recurso necessário para incluir 139 mil jovens pelo Prouni em 2006

• 46% dos gastos do Governo Federal com o ensino superior beneficiam indivíduos que se encontram entre os 10% mais ricos da população.

Talvez estes números venham me ajudar a entender um pouco, a causa da grande audiência do espetáculo do horror. A entender como um programa que não nos informa em nada, que não nos eleva em nada. Que a nada constrói, nada acrescenta de virtuoso em nossas ações, faz tanto sucesso.

Presenciamos a hipertrofia deste tempo presente: pessoas se submetendo a situações e a provas de risco físico e mental e de verdadeira humilhação. Exposta a qualquer um, com um mínimo de acesso, em nome do jogo em si, da premiação e da suposta fama.

Isto sim, podemos afirmar com total convicção, que representa o “espírito de uma sociedade sem espírito”. “Ópio do povo!” Degeneração mental!

O senhor Bial estar a conduzir uma programação voltada para inveja, facção, intrigas, alienação, sodomia publica, desrespeito com o semelhante, descompromisso com os acordos e alianças. Verdadeiro louvor a tudo aquilo de mais baixo, sombrio e que de mais nojento pode existir no ser humano!

Estamos a engolir Ruminação americana!

Isto é fétido!

Cultua-se ao corpo, ao esteticamente belo e aceito pela imposição social, as marcas registradoras do capitalismo cruel e excludente como as multinacionais. Faz o ser humano parecer se desfazer de toda a sua essência e de toda a sua “energia espiritual” (não digo religiosa) canalizando todas as suas forças e poderio físico e psicológico, na obtenção do prêmio final. Ou seja, a vida passa a ser resumida naquele jogo, naquela premiação. Como se a vida e seus valores familiares, valores intramundanos, imaterias e eternos não fosse o prêmio real.

Este espetáculo me faz mal.

Mal pela constatação da pequenez de espírito dos que participam.

Mal pela imoralidade da alma e pelos desvios de conduta.

Mal pelas tramas.

Mal pelo desserviço social prestado por esta emissora.

Mal pelo desperdício de tempo em horário “nobre”, que de nobre não tem nada!

Mal por este programa existir. E persistir em existir! Já estamos no 11º ano! Coisas boas acabam em tão pouco tempo.

pense filoliveira

filoliveira
Enviado por filoliveira em 19/02/2013
Código do texto: T4149119
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