Interrogações infinitas?

Você sabe quantas pessoas vão passar pelo mesmo lugar hoje? Talvez não tenha parado para perceber, ainda... Talvez não tenha percebido que nada disso é importante, se não está relacionado à você.

Um homem senta-se no banco. Alto? Velho? Careca? Usa óculos? Lendo um jornal? Fumando um cigarro? Está cansado? Ou apenas amarra seus sapatos? Ou apenas observa?

Posso eu, o escritor, basear meu texto em interrogações? Já que minhas exclamações estão flutuando no ar, esperando para serem delineadas? Se eu mudo uma vírgula modifico minha história, mas e se coloco um ponto final? Ela, a história, realmente acaba? Ou seria mais uma desculpa para tentar acabar algo incompreendido?

O sol quente queima o rosto de uma mulher. Jovem? Branca? Deixa uma gota de suor cair sob a pele, denunciando seu estado? Seca-se com um pano? O gelado da água bate em seu estômago para satisfazer seu desejo momentâneo? Anseia por uma brisa congelante tocar-lhe? Ou não faz perguntas algumas?

Uma criança delicia-se comendo uma barra de chocolate. Ela, a barra, teima em escorregar em suas mãos, no mesmo instante em que sua mãe, em pé, esforça-se para limpar os dedos melados? O pequeno menino não perde nada? Seus olhos não param? Quer prestar atenção em tudo, todos e nada ao mesmo tempo? Sabe, ele, que essa será a melhor época de sua vida?

Aquela menina fumando seu cigarro despreocupadamente. Espera por alguém? Alguma música está tocando de fundo em seus pensamentos? Ignora o fato de outros a observarem por ser bonita? Sabe que sabe demais? Egocêntrica? Na fumaça do cigarro se auto visualiza? Confusa? Insegura? Ou auto suficiente? Confiante?

Quantos dias serão necessários? Quantas horas gastas em sonhos? Quantas, gastas em atitudes?

Posso eu sonhar minha vida inteira? Ou ela, minha vida, tornou-se real demais a ponto de estar cego por completo?

Posso eu ser irreal? Brincar com a fantasia enquanto a realidade passa à minha frente?

Interrogações intermináveis? Ou nós, homens, que temos a mania de pontuar tudo? Se sim, por quê não? Se não, por quê sim?

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 19/02/2013
Reeditado em 08/07/2013
Código do texto: T4148575
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