RATZINGER; O GRANDE ELEITOR DO CONCLAVE.

Celestino V, o primeiro Papa a renunciar, ocupou o papado de julho a novembro de 1294. Longe das práticas da Igreja, iletrado e recluso, pretenso vidente, afirmava que se não houvesse logo um Papa, diante da indecisão de um conclave por mais de dois anos, se abateria um enorme castigo divino.

Depois de renunciar foi pregar sozinho, mas temeroso de sua autoridade, o novo Papa Bonifácio VII prendeu-o. Ele veio a morrer dez meses após na prisão.

Esse fato, a existência de dois cardeais vivos que se sentaram na Cadeira de Pedro, se repete pela segunda vez.

Na primeira houve o inferno brevemente descrito, agora se desenha a salvação da Igreja, pela estratégia de uma grande inteligência que se imola e renuncia em favor da instituição, mas será, de longe, ainda, seu condutor intelectual.

Em outubro do ano passado grandes reformas aconteceram para onde Ratizinger se retirava para reflexões quando do papado de João Paulo II, o Mosteiro Mater Ecclesiae, que após o conclave será sua residência.

As manifestações de todos os ângulos surgidas mostram a força pessoal de Ratzinger, excluídas as dissenções conhecidas. O rebanho, maior razão de seu gesto, o ovaciona na Praça de São Pedro em suas últimas aparições.

É essa a determinação de Ratzinger, que não mais tem condição de ser o pastor que viaja em prol de seu rebanho, o gerador da energia espiritual que comanda a igreja diante de suas divisões, como disse ao irmão mais velho, também padre, mas no silêncio, como referiu, pode estar mais perto de Deus. E é nessa força reflexiva que fará preservar a conservação dos valores da igreja,com a extirpação processual-formal da pedofilia na forma editada que já decretou, para comunicação do fato às autoridades civis pelo corpo eclesiástico conhecedor, o que encontra resistências corporativas, bem como o afastamento das vanguardas que desfiguram hábitos tradicionais, jogando-os na vala comum dos ritos.

A Igreja não precisa de aplauso e consentimento por modernizações indesejadas, mas de qualidade que recusa o aplauso fácil por primariedades. É preciso trabalhar para a "realização verdadeira do Concílio Vaticano II" e seguir para " a verdadeira renovação da Igreja", mandamentou o Papa Bento XVI. E fala para quem conheceu suas razões, da LEI MORAL, como entende e proclama, tão necessária como condição preliminar para protagonizar a paz e abrir, fechando definitivamente, a espúria ditadura do relativismo e de uma autonomia moral que subverte princípios basilares.

A renúncia de Bento XVI tem o sabor das viradas, quando os aparentemente vencidos se tornam vencedores.

E vamos assistir ele ser o grande eleitor, e é bom que assim seja.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 19/02/2013
Reeditado em 19/02/2013
Código do texto: T4148374
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.