0 SONHO

O SONHO

Há anos tive um sonho; e gosto de pensar que no futuro será como no sonho.

No ano de 2000, faleceu o ex-marido.

Falo ex-marido, porque estávamos divorciados, inclusive ele estava casado com outra pessoa, já há alguns anos.

Eu sempre o tive em excelente consideração, mesmo porque tivemos três filhos juntos, os quais amo muito; aliás, foram 4, só que a primeira filha morreu com 6 meses de idade, em meados de 1970.

No início do ano de 2.000 o ex-marido estava razoavelmente bem de saúde, e minha mãe Maria José já andava adoentada. Ela gostava muito dele; então um dia quando fui levá-la ao médico, pensei comigo: - vou levar ela para vê-lo, por que a gente nunca sabe à hora em que Deus irá levar cada um de nós, e a tendência é que os mais velhos partam primeiro. E, enquanto estamos aqui na terra é bom ir revendo nossos familiares e amigos.

E assim fiz, parei o carro no portão da casa dele e mandei chamá-lo para que viesse até o portão para vê-la.

Ele estava em cima da casa dele, reparando o telhado, desceu e veio até o carro, conversou um pouco com ela, nos despedimos e fomos embora.

Dias depois o encontrei mais uma vez, aqui na Avenida Perimetral em Santo André, cidade onde moro, cumprimentamo-nos, e cada qual seguiu o seu caminho.

E, num dia, sem que esperássemos, a esposa dele ligou dizendo que estava com ele no Hospital, que ele sofrera um enfarte; fomos para lá, eu e as crianças, mas já não o encontramos com vida.

Foi muito triste para todos, principalmente para as crianças que o amavam muito e sempre estavam com ele nos finais de semana.

E, como eu já disse, tal fato se passou no ano 2000.

Algum tempo depois do falecimento dele, nem sei precisar a data ao certo, sonhei o seguinte sonho, que vou descrever; o qual foi tão interessante que convivo com a lembrança dele há anos.

O interessante é que normalmente não costumo me lembrar de sonhos. Normalmente eles se perdem tão logo que eu acorde, mas esse eu guardei, e já contei para diversas pessoas. Achei-o interessante.

Antes de contar o sonho, acho interessante mencionar que nessa época eu estava me interessando muito em conhecer as Escrituras Sagradas. Lia e ouvia muito a palavra de Deus; assim, é possível que o sonho tenha sido influenciado pelo conhecimento das Escrituras.

Naquela noite eu perdi o sono, levantei tomei um chá de erva cidreira e, enquanto tomava o chá, escutava o barulho do vento; depois voltei para a cama e tentei pegar no sono; e, de repente, sem que me visse morta, me vi chegando ao céu.

E, lá chegando, adivinhem quem veio me receber:?

Minha mãe e o ex-marido. Ele estava com uma camisa de algodão, verde com bolas brancas que tinha antigamente quando nos casamos. Aí, minha mãe me pegou pela mão e falou: Venha comigo Cida que vou te levar para ver a Eliana.

Eliana é a filhinha que morreu em 1970. Acordei. Esse foi o sonho que por anos tenho guardado na lembrança.

O interessante é que quando do sonho, minha mãe estava viva, e apesar de doente e acamada, ainda viveu por mais uns 8 anos, vindo a falecer há cerca de dois anos atrás, com 91 anos de idade.

Tenho convivido com a lembrança desse sonho, há anos.

Agora para completá-lo só falta a minha partida. E gosto de pensar que tal se dará mais ou menos assim como no sonho.

É lógico que não tenho pressa de partir, amo a vida que Deus tem me dado.

Estou com 62 anos de idade, sou mãe de três filhos e avó de sete netos.

Estou vivendo um momento muito intenso, me sinto muito útil no que estou fazendo, vez que há um ano cuido do neto mais novo enquanto a filha trabalha. Ele é a benção que Deus tem me permitido compartilhar.

Ele faz parte dessa etapa de minha vida de avó. É bom estar me dando a oportunidade de cuidar dele, fazer lhe companhia e usufruir da companhia dele. Acompanhar a evolução dele e ver como assimila as coisas que lhe ensino.

Dentro do possível vivo minha vida intensamente.

É óbvio que se eu pensar na minha vida vou chegar a conclusão de que falta algo ou alguém; mas tenho aprendido a viver em paz mesmo assim.

Não tenho mais pressa, nem ânsia de nada; sou feliz simplesmente por estar viva e agradeço a Deus por tudo.

Amo os familiares e amigos que tenho à minha volta.

E gosto de imaginar que quando me for será tal qual no sonho que tive.

Afinal a Bíblia nos fala de uma vida eterna.

O Rei Davi quando perdeu seu filho, disse: Ele não poderá voltar, mas eu irei até ele.

II Samuel 12:22,23

22 E disse ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se DEUS se compadecerá de mim, e viverá a criança?

23 Porém, agora que está morta, porque jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim.

Jesus disse: - eu vou para o pai e vou preparar-vos lugar

Evangelho de João

14:2 - Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.

Aliás, falando nos Evangelhos, dizem que o homem crê em Deus por que não suporta a idéia de morrer, de ter que deixar essa vida, então procura se apegar em Deus e numa vida eterna por que é mais cômodo.

E tem gente que prefere acreditar que o homem surgiu de uma explosão, o big bem.

Muitos cientistas já tentaram provar a não existência de Deus.

Por que será que para muitos é mais confortável pensar dessa forma?

Para mim parece tão óbvia a existência de Deus criador. Só um Deus perfeito para ter criado toda a natureza maravilhosa que temos para usufruir, e principalmente por ter nos criado.

E se Ele foi capaz de criar o ser humano dotado de um espírito. Se nos criou capazes de discernir entre o bem e mal, quanto mais deve haver um destino para nosso espírito após a morte.

Penso também que durante uma existência aqui na terra, há tempo suficiente para discernir entre o bem e o mal e corrigir nossas falhas. E porque não dizer, há tempo suficiente para pedirmos perdão por nossos erros; e após, caminhar em paz rumo ao fim de nossos dias aqui na terra.

Assim, creio que num dia me darei conta de que passei por essa existência, mas estarei em outra.

Escrevi esse texto há ano e meio atrás. Santo André, 18/02/2013.