BOBEOU...

Bobeou...

Dançou...

Ou ainda, Se esperar demais, vai perder. E muitos outros exemplos de ditados. Como por exemplo, Quem faz muito bico doce, fica com a boca amarga. E assim por diante. Normalmente são ditados usados para dizer que alguém perdeu alguma oportunidade. Que a chance de alguém já foi, que a oportunidade já era, algo assim. Mas... Uma pergunta sempre fica sem resposta. Será que quem perdeu, na verdade não desistiu de ganhar? Quem sabe por ter tão facilmente perdido não deixa um sinal de que o doce não estava tão bom assim, e só uma bocadinha satisfez? Sabe-se lá, não?

O certo é que quando dizemos a alguém a mesma coisa, não nos passa pela cabeça o que sentiríamos ao ouvi-la. E neste caso, será que lembramos que os outros também podem não ter gostado de nosso tempero como não gostamos um dia do tempero de alguém? Pode ter faltado ou sobrado sal, ou a pimenta ter queimado demais ou de menos.

O certo é que não é nada fácil acertar o tempero. Às vezes até porque erramos ao economizar e guardar o resto para depois. Seja no trabalho, na amizade, no amor, na paixão, na vida. Por isso, é preciso ter boa mão. Saber que o tempero, pode ser adicionado aos poucos, com menor chance de errar. E se ter assim, a mão boa para o tempero.

Aliás, jamais pensamos que o tempero é momento principal de tudo que prepararmos. E que também nós podemos errar, falar, e estragar com a palavra e ideia erradas o prato que pensamos ter preparado com toda boa intenção. Mas que pasmem! No nosso conceito, não souberam apreciar e aproveitar. Sem assumir que erramos na dose do sal e bobeamos na pimenta.

E aí, não os outros.

Mas nós dançamos!

De tanto bico doce, ficamos com a boca amarga.

Antonio Jorge Rettenmaier, Cronista, Escritor e Palestrante. Esta crônica está em mais de noventa jornais impressos e eletrônicos no Brasil e exterior. Contatos, ajrs010@gmail.com