CORRUPÇÃO - O CÂNCER SOCIAL



Na crônica QUASE 200 MILHÕES DE AGENTES DA CORRUPÇÃO, eu abordava a corrupção generalizada, mas especificamente sobre a questão político-eleitoral. Dizia que, nas eleições, os candidatos somente conseguem corromper os eleitores, porque esses se deixam levar pela predisposição de serem corrompidos.

Algumas pessoas me questionaram que não é só na política que esse fato ocorre. Não só na política é necessário dois agentes, um emissor e um receptor, para que a corrupção se faça. Que existe, nos mais diversos campos, para não dizer em todos os cantinhos das relações sociais. Até familiares. É verdade. Absoluta e irrestrita verdade.

Onde exista poder, onde trafegue influência, de qualquer ordem, a corrupção vigora. Vejo a corrupção como um bichinho danado, piolhento, assim como a barata, o rato e outros animais inconvenientes, que sempre buscam um jeitinho de sobreviver nos locais mais impróprios.

Mas só vivem nesses locais, mesmo impróprios, se houver alimento para se alimentarem
e pares para se reproduzirem. Com a corrupção é a mesma coisa. Tem que haver poder e influência para sustentá-la e pares para que a corrupção se faça e prolifere.

O policial só é corrompido porque tem o poder de “aliviar” alguém se propondo a pagar ou trocar para ser aliviado. Do traficante de droga, ao infrator de trânsito, normalmente simples cidadão - que grita aos quatro cantos o desastre social da corrupção - são pares, são agentes da corrupção. E fiquei pensando cá com os meus botões: o que chamamos de “jeitinho brasileiro” não se constitui na corrupção que se transformou em cultura?

Evidente que a corrupção não é privilégio (?) brasileiro. Existem países onde a corrupção é bem mais acentuada do que aqui. Segundo consta, estamos mais ou menos no meio, dentre outros países, no índice de corrupção.

Um fato, contudo, é claro e aritmeticamente lógico: quando maior o índice de corrupção do país, menor a equilíbrio na distribuição da renda; pior o desequilíbrio sócio/econômico. Porque a corrupção vai causando mais e mais prejuízo social, na medida em que vai tomando as esferas superiores do poder econômico e por consequência de influência.

Partindo da premissa de que o mal precisa ser cortado pela raiz, o combate a corrupção precisa começar nas atividades mais simplórias, já no berço, lá no comecinho, ou seja, na família. Daí, ir tomando a rua, o bairro, a cidade, o estado para então chegar ao todo do poder.

Interessante que sobre isso, é comum as pessoas se queixarem, de que o exemplo tem que vir de cima. Mas o “lá em cima”, dentro de uma estrutura de estado, não é nada mais, nada menos, que a soma dos “lá de baixo”.
O estado funciona como uma escada. O poder central, é apenas o mais alto patamar da escada, que está apoiado na base e para se chegar no topo, precisa passar pelos primeiros degraus.

Se a base for sólida a escada será forte. Se os cidadãos comuns corrompem e se deixam corromper e isso é inegável em nossa sociedade, como corrigir a corrupção como um todo. E o meio empresarial? Raras são as empresas que não buscam um jeitinho aqui, um amigo acolá, um conhecido nas repartições, um agrado ao fiscal, um suborno a autoridade total e assim também vai aumentando a malha da corrupção.

Pior é que esses mesmos empresários que corrompem tudo que for possível, são os mesmos que gritam aos céus, a incompreensão de tanta corrupção no governo, nas autoridades.

Bem por isso costume dizer que a corrupção é o câncer social. Por isso, precisamos todos trocar o telhado, se for de vidro, para depois jogar pedras na casa do vizinho.



Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 18/02/2013
Código do texto: T4147279
Classificação de conteúdo: seguro