JANELAS DA ALMA
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Tudo depende do olhar. Olhar no sentido de focar. Olhe aqui! Veja bem! Esta é a nossa canção, canta Roberto Carlos. Para nunca mais esquecer. Nesse caso, não se trata apenas de olhar, focar objetos com os olhos da face, mas de prestar atenção, entender, apreender. Focar ideias e sentimentos. Nesse sentido, os olhos são mesmo janelas da alma. Mas são apenas um veículo. Tanto que os cegos não veem e nos dão a impressão de estar olhando para nós ou, quem sabe, despistando seu olhar profundo. Um olhar interior.
"Prova. Olha. Toca. Cheira. Escuta. Cada sentido é um dom divino." Isso quem admitiu foi o Manuel Bandeira. Juntos, dons que são o revérbero da alma. Fala-se num sentido interno que coordena o funcionamento simultâneo dos sentidos externos, em admiráveis sinestesias. Entendo que é justamente através desses sentidos, mesmo que nos falte algum deles, que projetamos nossa unidade, nossa personalidade, nosso jeito de ser, nossa identidade. Chorando, sorrindo, xingando, elogiando, incentivando, falando, cantando, lendo, escutando uma música, tamborilando... sentindo o perfume de uma rosa ou o calor humano num aperto de mãos. Janelas para o mundo: “Windows”. Janela do trem de ferro, janela do avião, janela para ver a banda passar. Janelas da alma. Janelas freudianas, kafkianas, marxistas. De acordo com o milenar Bhagavad Gita, livro religioso hindu, através de uma janela nós podemos ver o mundo. Janela donde se pode focalizar qualquer parte do globo...
A palavra janela significa porta pequena, de janua, em latim. Já o verbo defenestrar, jogar pela janela, vem de fenestra, janela, também em latim. Faz sentido defenestrar o gás carbônico que nos faz mal e faz mal aos outros e captar o oxigênio que ainda existe no universo. Oxigênio de beleza, verdade, bondade... Despressurizando nosso mundo interior, profundo e hermeticamente fechado, e voando a grandes altitudes. Ar puro e paz interior reinam nas alturas.