NARCISISMO.

O narcisista é um vencido, não atingiu seu epicentro espiritual. Ser o centro do mundo é seu zênite que transborda do muito que se pensa ao pouco que concentra.

Os vencedores conhecem as razões de sua existência, repousam na saciedade da vontade serena apascentada na força da unidade atingida. Recusam aplausos por desnecessários, sabem que se estabelecem no comércio das trocas soprado pela vaidade. Descartam a ufania vã por conhecerem os espinhosos caminhos da difícil plenitude, sabem, contudo, pelo entendimento alcançado, que a compreensão é recepcionada pelo conhecimento, sendo ele que traz clareza para as tortuosas vertentes da vida, e por isso se fundamentam na razão limpa, indene dos vícios da personalidade, distante das condecorações facilitadas no desejo vão de ascender.

O narciso é filho do eu-próprio, espaço habitado pela egolatria, que nada conhece além de seus curtos passos. Vencedores estão próximos da simplicidade, onde se venera a humildade por abrigar, ser solidária, abraçar e compreender tudo e todos. Abr. Celso

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A estratégia do narcisismo.

“O que há de superior em ti?

Que é que possuis que não tenhas recebido?

E se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesse recebido?”

Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, cap. 4, vers. 7.

A meditação.

Dois tenores se encontram.

- Para mim, tudo caminha às mil maravilhas. Fui aprovado pelo público e pela crítica no Metropolitan Opera em Nova York na Traviata. Em seguida, tive em Viena seis apresentações triunfais da La Bohême. No mês passado estive no Covent Garden onde fui o Duque no Rigoletto; lembrarão disto por muito tempo.

A propósito, estou falando só de mim. E quanto a você, fale-me um pouco. O que achou de mim ontem à noite na Tosca?

Essa tentação de fechamento sobre si também nos espreita? Encontro alguém e estou muito mais interessado em minhas próprias preocupações que nas de quem se encontra diante de mim. Sem me dar conta, termino então por pensar somente em mim e, em

certos casos, a falar apenas de mim mesmo.

Felizmente a Quaresma vem em nosso socorro. De fato, a prece, o jejum e o dízimo nos convidam a nos esquecer um pouco para restituir o lugar a Deus e ao nosso irmão. Tais esforços nos ajudam então a sair da solidão em que a ditadura do “eu” arriscava nos prender. Assim, deslocado do centro e muito mais apoiado em Deus, doravante é possível ver nossa vida de outra maneira e encontrar finalmente em nós a energia suficiente para agir onde estamos, com o que somos.

- Que queres que te faça?

- Hoje me ajude a me calar para estar plenamente presente com todos aqueles que vou encontrar em minha caminhada.

Para caminhar um pouco além com a Palavra.

Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano. O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens:

ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros. O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava

sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador! Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.

Lucas, cap. 18, vers. 10-14.

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Email recebido de querida amiga, Heleida Nobrega, e considerado como na abertura. Estamos na época das reflexões.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 18/02/2013
Reeditado em 18/02/2013
Código do texto: T4146820
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