Brasil, o vice campeão em gastos com políticos
Por Herick Limoni*
Em recente estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em parceira com a União Interparlamentar (UIP), o congressista brasileiro aparece como o segundo mais caro em um universo de 110 países. Segundo o estudo, cada um dos 594 parlamentares brasileiros (513 deputados federais e 81 senadores) representa um gasto anual de 7,4 milhões de dólares, ou cerca de 15 milhões de reais. Em um cálculo simplista, tem-se que o congresso nacional representa para os cofres públicos um gasto de 4.395,6 bilhões de dólares, ou cerca de 8.791,2 bilhões de reais por ano.
Nesse quesito, o Brasil só “perde” para os Estados Unidos, os quais apresentam gastos de 9,6 milhões de dólares por congressista. Ao levarmos em consideração que os Estados Unidos são o país mais rico do mundo, enquanto o Brasil ocupa a 6ª posição, essa relação torna-se bastante discrepante. Não bastassem os inúmeros escândalos envolvendo as duas casas legislativas, o eleitores brasileiros tem, agora, mais essa “grata” surpresa. Mas, no frigir dos ovos, essa notícia não chega mesmo a ser uma surpresa. Num país em que os políticos, com RARÍSSIMAS exceções, não fazem nada mais do que atender a seus interesses pessoais, muitas vezes escusos, tal constatação chega a causar náuseas. Digo isso porque, além de seu “mísero” salário, cada parlamentar tem direito a verba para pagamento de assessores, verba indenizatória para despesas extras, verba para combustíveis, passagens aéreas, telefone, correios, paletó, entre outras. Isso sem falar que ainda tem direito ao 14º e 15º salários, enquanto a maioria da população “sobrevive” com um vergonhoso salário mínimo de R$ 678,00 e conta, ao final de cada ano, apenas com o 13º salário.
Não nos esqueçamos, também, que esses mesmos políticos, em manobra recente, aprovaram um projeto no qual lhes permite, a partir de então, trabalhar somente de terça a quinta-feira, algo que já acontecia há tempos, mas que, agora, torna-se oficial. Se já haviam mais de 3 mil vetos presidenciais para serem apreciados antes de tal projeto, imaginem daqui em diante. É de envergonhar! Ainda que tais políticos trabalhassem todos os dias da semana, tal qual um trabalhador comum, em prol da população, tal montante ainda estaria deveras distante da realidade brasileira.
Mas quem realmente se importa com isso? Enquanto formos considerados o país do futebol e do carnaval, enquanto a grande massa popular estiver recebendo em dia a sua bolsa-família, enquanto pensarmos individualmente em detrimento do sentimento coletivo, notícias como essa continuarão a estampar os noticiários sem que nada de concreto seja feito. Precisamos nos conscientizar de que, JUNTOS, SOMOS MAIS, e que o voto consciente pode, SIM, fazer a diferença.
* Bacharel e Mestre em Administração de Empresas