VIAGEM PARA MEDITAÇÃO

Atravessar o Brasil, alcançar a Região Amazonica, causa-me tanto receio e medo,tanto quanto,se fosse eu embarcar em um dos três navios de Colombo: Santa Maria, Pinta e Ninã ou, nas Caravelas Cabral.Porem, mais das vezes, na vida, o que não se faz por prazer, há de se fazer, premida, pelas circunstancias. E, aqui estou na extensa Região Norte do meu Pais. Depois de navegar seus rios, vou andando por este continente chamado Brasil e, por algum tempo, me deixando recolhida nos antigos mosteiros, a mergulhar em meus pensamentos e fazer reflexões, analisar a vida, sentimentos, ajoelhar o meu eu, diante de mim mesma, inclusive dessa natureza exuberante, selvagem e bela. Peregrina de mim, sou agora, por estas imensas e belas terras.

A noite chega. No silencio das matas, e sob a luz das estrelas, vou ao vento, largando alguns velhos sonhos que, nesta alma, sempre adolescente, cochilam, adormecem e despertam, ocupando espaços na minha vida de uma mulher de 60 que, apesar de tudo, sempre cresce, se renova, revolve destroços, se recicla, e até chora, canta e dança, sem se importar com a sua condição de simples mortal. Agora, em crise, com este teimoso coração,vai vencendo a primeira batalha e, aqui bem junto a mim, sou corpo, coração, cérebro e alma, olhando para o mesmo horizonte, virando mais uma página da vida.

Resta agora, celebrar a vitoria do bom senso. A caminho estou por esta imensidão de terras, florestas e águas, lavando de mim, este amor antigo que se acomodou, na minha alma e coração e, comigo andou, décadas afio... Cansei... corajosamente, vou me desfazendo desse amor, como os rastros, deixados pelas trilhas da floresta, abandoná-lo, as folhas das arvores que o vento. de leve açoita e vai, para além das nossas fronteiras, levando, para bem longe, da pele, do coração e da alma que, em mim agora, parece que, se fez mortal, para não mais sofrer, como sofria antes.

Este amor, vou deixa-lo a navegar... rio acima, rio abaixo até cansar e, sair escorrendo, se confundindo lá bem longe, com as águas do mar... até parece, que este amor ainda quer, me acompanhar. Mas, se teimar em ficar comigo, e continuar sendo como se minha própria sombra fosse, tenho mais, esta alternativa... impregná-lo pelos galos e troncos destas belas sobreviventes seringueiras, até que ultima da floresta, pereça...Quando volto, não sei... sei lá... qualquer dia...ou nunca mais! Hoje, estou indo a Região Centro Oeste, de preferência ao Mato Grosso do Sul, vou, a cidade de Dourados... e lá deixar, alguns, dos muitos antigos pacotes e malas repletos dos antigos sonhos, por décadas, na ilusão que fossem... sonhos dourados...

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 18/02/2013
Reeditado em 27/07/2017
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