O “infeliz” spray carnavalesco: reflexões a partir dos comentários
Passados alguns dias da publicação do primeiro texto sobre este assunto, decidi fazer uma reflexão com base nos comentários feitos sobre o mesmo no espaço virtual em que o Jornal Agora disponibiliza para que o autor, os leitores e as leitoras possam interagir e debater sobre o que está sendo discutido na respectiva publicação.
Percebi que bem mais da metade das pessoas que comentaram algo a respeito do spray de espuma manifestaram-se favoráveis ao meu posicionamento. Isto quer dizer que o texto não reflete somente a minha visão, mas também a de muitas pessoas. Contribuindo com esta discussão, estas relataram que foram atingidas nos olhos, nos alimentos que estavam comendo, que tiveram parentes com reações alérgicas após o contato com a espuma, entre outros. Todos estes pontos confirmaram não só minha argumentação, mas também as orientações da Secretaria da Saúde apontadas no texto anterior.
Como meu interesse é promover o diálogo, o debate, a problematização, fui ler alguns posicionamentos contrários ao que eu tinha escrito. Lá recebi vários conselhos, entre eles alguns diziam para que eu ficasse em casa assistindo a Globo, ou que eu fosse para outro lugar mais calmo se quisesse descansar, pois a avenida do cassino no carnaval não é lugar para isto. Seguindo na leitura dos demais comentários (analisando pelo viés dos que se posicionaram a favor) encontrei a manifestação de algumas pessoas que disseram que não foram mais assistir o carnaval por causa da má utilização deste spray. Preferiram ficar em casa. Se repararem, este foi um dos conselhos que recebi.
Diante do fato exposto, encontro não somente a falta de respeito com os demais, mas também uma atitude egoísta, individualista, por parte de quem pensa daquela forma. Por que afirmo isto? Por que ao invés de se propor a jogar spray somente em quem quer participar (e candidatos a esta brincadeira não faltam), querem jogar em quem desejar, não importando se esta pessoa estará ou não a fim de ser espumada. Acredito que esta atitude egoísta pode ser tomada em uma festa particular, por exemplo, onde a pessoa deixará clara as regras de convivência do ambiente privado, de modo que participará quem quiser. Agora, na avenida do Cassino, local público onde as pessoas podem transitar livremente, querer impor um pensamento individualista sobre os demais, é uma atitude um tanto quanto egoísta e reforça a falta de respeito que existe da parte de alguns.
No meu ver, todos deveriam e devem se sentir convidados para comemorar o carnaval no Cassino, mas infelizmente, por causa desses atos, alguns se privam para evitar alguma confusão desnecessária.
Gostaria de salientar, também, que acredito na possibilidade de que algumas pessoas possam modificar suas atitudes, após ler este texto, por talvez não terem se dado conta, anteriormente, de que estavam prejudicando os demais sem saber. Utilizo como analogia o caso de um médico que anuncia ao paciente aparentemente saudável que ele está com uma determinada doença. O paciente só irá começar a pensar em tratar a doença depois que a descobre. Antes disso, não faz nada, pois pensa que está bem. Do mesmo modo, acredito que é o que acontece com o spray de espuma. Talvez muitos não sabiam da proporção e da quantidade de pessoas que são contra este instrumento. Quem sabe agora, possam estar atentos e mudem de postura, evitando atingir quem não quer participar.
Encaminhando-me para a finalização do texto, deixo a seguinte mensagem: Pessoal, carnaval é um momento de brincadeira, de diversão, de saída com os amigos, com a família... Vamos fazer isso de modo social, respeitando o próximo. “Se desejar jogar espuma, que jogue, mas jogue em quem quiser participar; estando consciente dos riscos que estará correndo”.
Espero que a partir deste escrito, possa ter acontecido alguma mudança na conscientização das pessoas (ao menos uma reflexão sobre o assunto), a fim de que todos e todas possam participar desta festa pública, incluindo as demais pessoas (como eu) que não querem fazer parte desta brincadeira espumosa.
*Texto publicado originalmente neste espaço do site "Recanto das Letras"