SOBRE RELACIONAMENTOS NO SÉCULO PASSADO
Antigamente os cavalheiros tratavam as damas – as namoradas, noivas e esposas, nessa ordem – como verdadeiras princesas, ou seja, incapazes de se virarem por si próprias. Depois de casadas viravam a “rainha do lar”. E esse reinado era vitalício, pois os casamentos duravam “até que a morte separasse o casal”. Havia até uma frase que acentuava essa característica indissolúvel do casamento pré-divórcio, dita a alguém que estivesse passando por uma situação muito difícil: “calma, vai passar, isso não é casamento!”. Hoje nada passa mais rápido do que os relacionamentos, num alucinante trocar de pares, como numa quadrilha de São João.
Ao entrar no carro, eles – os cavalheiros – primeiro abriam a porta para ela, esperando calmamente que ela entrasse, e depois fechavam a porta; na saída, procedimento inverso: primeiro saíam, davam a volta na frente do carro, abriam a porta e seguravam a mãozinha da dama, para não acontecer dela se desequilibrar e cair.
No restaurante, era elegante o rapaz puxar levemente a cadeira, ajudando a jovem a se instalar confortavelmente à mesa, e, só depois, ele se sentava. Aí ele escolhia o vinho e perguntava o que ela iria escolher para almoçar ou jantar. Mulher era objeto do lar, para se cuidar como se cuida de um bibelô.
Subindo escadas, ela ia à frente, pois, se tropeçasse, lá estava ele para ampará-la. Descendo, ele é que ia à frente, pelo mesmo motivo. Não se diziam grosserias diante das mulheres, os homens tinham lá os assuntos deles, elas os delas.
Presentear as amadas com flores ou bombons era costumeiro, o que variava era a qualidade dos produtos, adaptados ao poder aquisitivo de cada rapaz. E as namoradas e noivas, não raro, dependendo de suas prendas, presenteavam o eleito com mimos feitos por elas, como lenços bordados com o nome dele, suéteres de tricô, porta-retratos com fotos dela e outras lembrancinhas.
Profissões de mulher eram professora ou enfermeira, isso quando ela trabalhava fora. Hoje elas estão em todos os campos de trabalho, das plataformas submarinas de petróleo às viagens espaciais. Parece que estou falando de ficção científica... Mulher hoje dirige ônibus, caminhão, avião, constrói prédios, varre rua, faz de tudo. E continua a cuidar da casa e dos filhos. Muitas já não querem ter filhos, ou adiam sua vinda até a casa dos trinta, quarenta anos, ou mais! Com a ajuda da ciência, que descobriu a fertilização “in vitro”, muitas mulheres com mais de cinquenta anos estão tendo filhos, que acabam parecendo seus netos. Antigamente era comum ser avó antes dos quarenta anos!
Antes, o homem era o “cabeça do casal” – olha só, de novo a mulher sem cérebro – o provedor, o senhor do lar. Agora não há mais cabeça, a mulher é corpo inteiro no lar, cuidando dos filhos, às vezes sozinha, com as produções independentes de hoje em dia, ou por causa dos homens “fugindo da raia”, e também no mercado de trabalho, para garantir o sustento ou ajudar o marido que, sozinho não dá conta.
Também, é tanto consumo, tanta conta, tanta despesa, tanto imposto, tantos Mc’s Xis, e tanta parafernália para as crianças, que haja dinheiro! E os descartáveis? Tudo hoje é descartável e mais caro do que as opções tradicionais: fraldas, copos, pratos, eletrodomésticos, computadores, roupas, até pessoas, isso mesmo, até os relacionamentos são descartáveis. Há casamentos que duram três, quatro meses...
O mais engraçado é que ouço homens dizendo que as mulheres não querem nada sério e as mulheres dizem que eles é que não querem! Vai entender!
Imagem colhida da Internet (cena do filme "Romeu e Julieta", estrelado por Leonard Whiting e Olivia Hussey, de 1968)