O “infeliz” spray carnavalesco
Quem me conhece sabe que não tenho o costume de escrever textos para o jornal por qualquer motivo. Geralmente, faço isso quando tem algo que me incomoda ou que no meu ver precisa ser discutido, debatido, problematizado. Pois bem, neste período de carnaval, no qual fui na Avenida Rio Grande, do Balneário Cassino, para assistir os blocos carnavalescos, passando e, também, para descansar, presenciei um ato de falta de respeito que está atingindo todas as idades. O ato que me refiro é a utilização daqueles “sprays de espuma”. Para quem não sabe, aquela substância presente na composição da espuma pode causar reações alérgicas ao entrar em contato com a pele, além de causar irritações nos olhos e na garganta. Acrescento ainda o fato de que o gás utilizado no spray é derivado do petróleo, sendo altamente inflamável e contribuindo para a destruição da camada de ozônio (fonte: Paula Laboissière, Agência Brasil, Revista Exame.com).
Inicialmente, sem considerar estes fatos, ao andar pela avenida, presenciei uma “guerra” de espumas, na qual as crianças atingiam umas as outras com os sprays, sem se preocupar com o local onde estavam acertando. Percebi ainda que muitos miravam no rosto do “adversário” com a intenção de deixá-lo o mais espumado possível. O problema é que destas guerrinhas particulares, sobrava para as demais pessoas (incluindo eu) que não tinham nada a ver com a história e que eram alvo destas crianças (às vezes por querer, às vezes sem querer, tipo bala perdida). Bem, já acho uma falta de respeito as crianças fazerem isto, mas ainda acredito que é possível de se relevar pela tenra idade, mas fico impressionado com os pais, as mães ou os responsáveis que ficam quietos sem fazer nada, só rindo.
Continuando a passear no meio da “guerra”, fiquei mais pasmado quando vi “marmanjos” e adultos fazendo isso. E eles não atiravam somente entre os que queriam participar da tal guerrinha, mas acertavam até quem estava ali somente para assistir. Uma senhora que estava sentada ao meu lado se indignou com a situação e reclamou com os “agressores”, dizendo para que fizessem aquilo com quem quisesse participar. Após algum tempo, não demorou muito para que jogassem o spray nela novamente. Fui olhar para ver e estava a filha e a mãe rindo da situação. Na hora fiquei quieto. Não quis me incomodar. Porém, penso que estou mudando de postura hoje, ao mesmo tempo em que escrevo este texto. Acho que quando nos calamos diante de situações como estas, permitimos que a pessoa que falta com o respeito continue agindo assim e perpetuando esta atitude entre as futuras gerações.
Bem... passada a noite de carnaval, conversei com amigos que são de fora da cidade e eles me comentavam que estava um “saco” aqueles sprays na avenida. Que não dava para passear ou assistir tranquilo que logo vinha alguém e jogava o spray em ti. De tanto conversar com pessoas sobre isso e também pensar da mesma forma, venho aqui neste jornal manifestar minha indignação com relação à atitude destas pessoas que não conhecem os limites do respeito ao próximo. Creio que todos têm o direito de brincar, mas que brinquem com quem tiver a fim.
Para concluir, deixo aqui o meu desejo de que as pessoas que foram atingidas pelo spray sem desejarem, que estejam bem e não tenham ficado com nenhuma alergia, porque além da falta de respeito, algumas pessoas (agressoras) acabam botando em risco a saúde de quem só quer se divertir e ser feliz naquele momento. Espero que atitudes como estas deixem de acontecer, por conscientização dos foliões “agressores”. Caso não mude, deixo como remédio o conselho da Secretaria de Saúde do Distrito Federal que orienta para quem for atingido pelo spray, que lave o local com água corrente. Caso os sintomas persistam, que procure o atendimento médico (fonte: Paula Laboissière, Agência Brasil, Revista Exame.com). Desejo a todos um ótimo ano pós carnaval!
*Publicado originalmente no site do Jornal Agora (Rio Grande/RS) <http://www.jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=5&n=39724>. Data: 13 fev. 2013.