AO LONGE NO TEMPO:
O COTIDIANO DE UM TEMPO QUE FOI PASSANDO:
Era um dia igual a tantos no inverno sulino, ventoso, frio de renguear cusco, como se diz aqui por estas bandas; década de cinquenta mês de agosto, dia vinte e quatro daquele mês fatídico.
Eu ali sentado na porta do açougue do seu Jorge, comigo estava o Nelson, amigo das estripulias infantis, naquele dia não houvera aulas,pois logo após o anuncio da morte do Presidente a cidade parou assim como todo o Pais.
Eu nos meus oito anos de idade não compreendia bem o que estava acontecendo o meu amigo também não, mas sabíamos que algo grave estava em curso. Naquele dia as aulas haviam sido suspensas, o que para nós era motivo de alegria. Nossa cidade de Rio Grande era uma cidade de operários e pescadores embora nessa época contasse com uma população pequena comparada com os dias de hoje, era na verdade uma cidade bem movimentada, berço do estado do Rio Grande do Sul primeira cidade a ser fundada, também o único porto marítimo do estado.
Os noticiários das rádios falavam em revolta popular em várias partes do pais, em especial em Porto Alegre onde os populares haviam ateado fogo a rádio Farroupilha a mais importante da época no estado e a alguns prédios relacionados com as forças politicas anti Getulistas em particular as ligadas aos Americanos já naquela época mentores dos golpes mundo afora em especial na América Latina.
No meu imaginário infantil aqueles acontecimentos na realidade se apresentavam com certa aura de aventura, pois numa época onde as informações eram transmitidas através das rádios e de poucos jornais em circulação o que na maioria das vezes o povo se encarregava de acrescentar fatores fictícios aos acontecimentos e a boataria campeava livremente na mente da grande maioria da população, no iimaginário de uma criança isto alcançava uma proporção bastante irreal e fantasiosa.
Mas para concluir este pequeno relato, quero dizer que esse dia marcou toda a minha existência e foi como um despertar para novos interesses, que relatarei aos poucos em outros textos procurando ser fiel a minha memória e aos acontecimentos diante de uma visão anônima de um cidadão comum na intenção de manter viva a história como a vi e percebi durante o passar dos anos.