HIPOCRISIA RELIGIOSA.

Bento XVI, que ficará na história como marco de humildade, na certeza de ser o maior intelectual do catolicismo que renuncia por não poder conduzir espiritualmente seu rebanho, adverte que há hipocrisia religiosa. E diz minha mulher, “mas ele não sabia disso antes?”. Respondo, sabia, mas não conhecia sua extensão intestina.

Quando com sua autoridade afirma sobre existência de “divisões do corpo eclesiástico”, conhecidas pelos informados nem tanto, divisão que sempre ocorreu como curial, não impressiona, mas seu complemento de que seriam posições que “desfiguram a face da igreja”, envolve gravidade sem medidas para a atualidade clerical.

Depreender com a suficiência de vasta sabedoria empírica vivencial de um papa tal divisão que traz a afirmação, mostra uma regressão a tempos sombrios. E exorta, conclamando a todos, a “superar o individualismo e as rivalidades”.

A hipocrisia religiosa hoje, disseminada em várias “religiões”, vende o Cristo em prosperidade que não prometeu, vende curas mediante moeda, vende consciências em favor de ascensão, vende e compra no mercado hipócrita do Cristo falacioso pelas crenças de ocasião, venais, dobrando incautos e ignaros que catam ascensão social, como exclusivos eleitos espirituais para mentiras lançadas, professando o malfeito, a magia e o sortilégio.

Mas quando se apregoa com cátedra a divisão da instituição Igreja Católica por carreirismo político, estaria a fragmentar-se a pedra fundamental de Pedro; esse o grande desvalor, a enorme volta ao passado que seria só memória e ficou superado quando das conquistas com armas e moeda do Poder Espiritual. Não seria mais assim..E como disse o Papa Bento XVI, divide-se o que devia ser unido, a Igreja.

Esse o cerne do impasse temporal-espiritual. Os contraditórios são necessários para somar, a divisão faz perder a força.

Não são os escândalos que incomodam, conhecidos da velha e antiga Igreja, são humanos os escândalos financeiros e morais, inerentes à fragilidade humana, embora execráveis os que se entregam à vida monástica hipocritamente. Somam-se aos escândalos sexuais como a pedofilia, de tenebrosa face.

O escândalo gigante que além de incomodar surpreende é o da hipocrisia que se estabelece onde deveria inexistir, nos espíritos dos que fazem votos para serem ministros de Cristo, onde deve presidir a unidade, principalmente acima de interesses isolados e pessoais, interesses que deveriam ficar nas portas dos seminários. Isto impressiona e frustra os integrados na mais ampla espiritualidade, como Bento XVI, o intelectual que entregou sua vida à espiritualidade cristã.

Na hora em que o mundo faz ufania do carreirismo, proselitismo e escola, derrubando ideologias e doutrinas econômicas, todas tentadas, por sufragar a hipocrisia em favor do personalismo, ingressando na “ética” rasteira e licenciosa, substituindo-a pela corrupção em todos os níveis, esse grito espiritual de desapego e coragem, partido de um dos maiores líderes da humanidade, denuncia o ponto baixo em que chegamos pela hipocrisia também religiosa, dita por pessoa insuspeita, hipocrisia na disputa do poder que grassaria onde seria o último reduto da Lei Moral a ser preservado e que a tudo sustenta.

Com toda a história passada conhecida, quando se pensava avançar para melhor, vemos que só foi trocada a vestimenta.

Mas isso não inibe fé em Cristo, Filho de Deus feito homem, e na proteção de sua Santa Mãe, a Virgem em suas aparições.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 14/02/2013
Reeditado em 14/02/2013
Código do texto: T4140334
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