CONCERTO EM SOL PARA OSNOFA
Hoje cedo, na av. Nordestina, bem perto de onde mora a mãe do Edvaldo Santana, no meio da turba, de tanta gente com pressa, com sua contas a pagar, ou a vencer, de longe vi o Osnofa, vulgo Zé Afonso, ou vice-versa.
Os ombros levemente inclinados para a frente, como numa reverência ao tempo, os cabelos nublados e falhos, o insistente e agora pequeno rabo-de-cavalo das antigas, ele com certeza não sabia que meus olhos o seguiam, talvez sequer lembre que eu exista.
Ele não sabe - não haveria motivos para saber - que naquele momento, um olhar ardoroso, fiel e benditoso o seguia. E o adorava, o Zé, de tantas canções geniais, bem humoradas, de parolagens sossegadas, com boas doses de nonsense, o Zé passava (passeava?) tranquilo, qual um cometa, pela av. Nordestina, nesse cantinho sudestino do mapa.