Lúpens Proletários

Observando calmamente os operários em um dos campus da UFBA, pendurados em andaimes nas obras de melhoramento, ampliação e edificação de algumas unidades, neste ano de 2012, constato tristemente a dimensão do que o capitalismo se tornou.

Operários que trabalham pegando no pesado, que constroem as perspectivas de futuro dos outros e vivem sem perspectivas.

Seja pela falta do conhecimento, seja por pura alegria dos inocentes, sentem-se naturalmente felizes. Cantam.

Aos seus olhos, não lhes parece haver outra forma de vida. O destino é traçado e ponto.

Devagar e sempre, inexoravelmente, foi tudo sendo absorvido pela forma do capital, onde a mais valia do trabalhador, o excedente do seu trabalho é sempre repassado ao capitalista/investidor, nada restando para o trabalhador a não ser sempre o mínimo, conseguido hoje com muitas lutas sindicais, pois não o fosse nem isso teriam.

Vivendo em casas humildes, em bairros sem infraestrutura, sem o conforto mínimo necessário, convivem com professores, mestres e doutores, dia a dia. Mundos diferentes que se interligam e interseccionam sem se plasmarem.

Vemos esse quadro de diferenças sociais no trânsito, onde pessoas dirigem seus carros de alto luxo, misturando-se às pequenas motos e algumas bicicletas que não tem ainda ciclovias nesta cidade, pedestres que olham essas “maravilhas” em quatro rodas como um sonho impossível.

Gente que em seus carrões e vidas “especiais” criaram uma indiferença tamanha ao outro que ultrapassa os limites da racionalidade. Nada dividem nem mesmo simpatia. No afã do ter, só respeita quem tem mais do que ele, pois o dinheiro é o mais importante nesta vida. Nem a justiça é respeitada, pois juízes hodiernamente são comprados.

Enquanto se digladiam no trânsito lutando por espaços cada vez menores, esquecem a verdadeira natureza do ser humano, o sentido da solidariedade e cooperação, a leveza da dádiva no sentido amplo da palavra. Impera somente o individualismo exacerbado, a loucura do acúmulo e a proteção da “sua” família que o está esperando em casa.

No rastro da fauna não pensante, como os quadrúpedes, temos significativas amostras de solidariedade e companheirismo entre comunidades, coisa difícil de ver no homem urbano atual, que optou por esse individualismo inútil e muitas vezes cruel.

12/12