A "doença" do Papa
Na missa da quarta feira de cinzas, o Papa renunciante, Bento XVI, deixou transparecer nas entrelinhas, os “motivos de saúde” que o levaram a renunciar.
Sim, após ter feito o discurso politicamente correto, que saía por incapacidade física e espiritual, entrou no ambiente sem a tradicional bengala, para que os entendidos pudessem diagnosticar melhor a “doença”. Na verdade, em estado quase vegetativo, seu antecessor, João Paulo II, levou seu cargo até à morte.
Em sua mensagem, falou sobre hipocrisia religiosa, carreirismo, e divisões na cúpula do clero. Essas doenças sim foram causas da renúncia. Todos sabem que, a questão da função da mulher, do divórcio e do homossexualismo, entre outras, dividem posições entre “progressistas” e conservadores, do colégio cardinalício.
Sem querer ferir suscetibilidades dos católicos, mas, trata-se de uma eleição política, não uma escolha divina. Um chefe de estado será escolhido por uma minoria, a portas fechadas. Mais ou menos como uma eleição no Congresso Nacional.
Segundo a visão dos “progressistas”, a Igreja deve se adequar às demandas do mundo moderno; O Cardeal Dom Raimundo Damasceno disse ontem que a igreja deve apresentar uma mensagem para o mundo de hoje, não de dois mil anos atrás.
Com o devido respeito, preciso lembrar que, as coisas espirituais não são biodegradáveis, isto é, não sofrem ação do tempo. Deus é Eterno, Sua mensagem, também. O que se aperfeiçoa são os meios, as formas de comunicação, e nesse prisma, o Papa era bem “progressista”, pois, usava até mesmo o Twitter.
Escandalizamos-nos quando estados Islâmicos tentam impor o Islã ao povo, contra a sua vontade. Mas, guardadas as proporções, o Vaticano faz o mesmo. A diferença é que não usa violência, mas, tenta legislar sobre consciências.
Falo como ex-católico, a gente pode ser um, sem se converter. Foi meu caso, me batizaram infante, os familiares iam à missa, e me acostumaram a ir também. Uma coisa tradicional, não, fruto de escolha pessoal. E as tradições não receberam encômios na encíclica inaugural do “primeiro Papa”. “...fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais.” I Ped 1; 18
A maioria dos católicos já nasce católica, desse modo, e é instada a abraçar um modo de vida que não escolheu, onde alguém, tão humano como nós, diz o que podemos e o que não podemos fazer.
No meio evangélico costuma se dizer, que; “Deus é Pai, não avô”, querendo dizer com isso que, filho de crente não é crentinho, será ensinado sobre os valores e a Palavra de Deus, e quando chegar a idade da consciência fará livre escolha sobre o batismo, ou, não. Caso escolha Deus, escolhe junto Sua Palavra como diretriz, a mesma de dois mil anos atrás. “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente”. Heb 13; 8
Quero dizer com isso, que, os católicos que escolhem livremente a Palavra de Deus, não devem precisar da lei de um Estado terreno, tendo a excelência do Constituição do céu para observar.
Afinal, a conversão guinda-nos “às coisas que são de cima” Col 3; 1 como disse Paulo, pois, Jesus Dissera a Pilatos: “Meu reino não é desse mundo.”
Portanto, sem querer ferir suscetibilidades, não ignoro que, o Vaticano há muito tenta fundir as coisas de César com as de Deus; não faz direito nem uma coisa, nem outra; a conversão é individual, não filha da tradição nem assunto de Estado.
Esse mundo escolhe seus maiorais, Jesus disse que com os seus não seria assim; “Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve.” Luc 22; 26
Se a escolha é para saber quem vai servir, porque disputas, portas fechadas?
Seria mui simples resolver tudo, apenas seguindo o conselho de Jesus em Seus dias; “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.