Silêncios

Sim, eu escutei tudo que você falou, eu ouvi e entendi, mas mesmo sabendo dos seus motivos, nada mudou, eu ainda me sinto presa, ainda há um elo invisível me segurando a sua vida. Esse sufoco não passa, porque mais uma vez engoli tudo, as palavras desceram como farpas e ainda sinto um desconforto no estômago e um aperto na alma, coisa de quem cala demais, sofre demais e encara de menos. E você ta aí, vida caminhando, é eu soube... trabalho novo, e quem sabe amor novo, Amor? Acho que não, só se aprendeu a amar porque até onde eu sei você nunca soube. E eu caminho também talvez não tão bem por ter que conviver diariamente com seu fantasma, por vezes o ouço, por vezes o sinto e sua presença continua sendo mais real do que a de muita gente que comigo divide meu tempo. Sabe o que me dói? é que você talvez nunca vai saber, talvez nunca vai se arrepender, queria que você assistisse meu desespero por tantas vezes maquiado por trás de um ‘to bem’, queria que alguém lhe dissesse como estou ‘vai lá cara! Ela não tá bem, o que você fez?’, queria que você ouvisse meus gritos e sentisse comigo essa dor que me impede de seguir minha vida como você tão bem fez. Alguém tem um advogado que me defenda de mim? Do meu amor? Deponha a meu favor, diga que eu não mereci, diga o quanto fui leal a nós e peça pra esse juiz desavisado que é meu coração pra me libertar, me soltar de vez porque to cansada, essa prisão tá fria e as visitas estão cada vez mais raras. Você talvez nunca saiba, mas eu vou saber, meu silêncio vai saber, meu coração vai saber, que ás vezes a gente ama tanto sem saber que quem ama demais assina atestado de culpa, se condena, se entrega a prisões muitas vezes sem volta.

Kamylla Cavalcanti

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Kamylla Cavalcanti
Enviado por Kamylla Cavalcanti em 14/02/2013
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