Os idosos e suas apostas.
São 12:46 minha hora de tenho 13 minutos para voltar ao trabalho e estou aqui na fila da loteria, uma fila que está fazendo curva. É um bololô de gente que não se vê a diferença da fila dos idosos para a fila dos futuros idosos.
Eu aqui torrando debaixo desse sol desgraçado que queima o centro do Rio a algo entorno de 37°C. E observo os velhinhos com suas roupas puídas, tornozelos inchados dentro da quelas meias e sandálias encharcadas de talco, reclamando do tempo, reclamando da violência, da juventude de Deus e do Diabo. Começo a pensar que vou pegar a caixa mais lerda da loteria só porque estou com uma puta pressa tenho esse bolo de contas pra pagar e Otávio (meu chefe otário) ainda me deu o aluguel pra pagar. Fora a correria que vai ser até a empresa e reparo na mão dos velhinhos não tem conta, não tem porra nenhuma além de apostas em quina, mega sena, toto bola e o inferno a quatro.
Por que? Pra que? Se tornar milionários não vai dar continue a vida, não há como se gastar 30 milhões até morrer depois que se passa dos 80. Diabos, como eu queria ainda ter avós! Dane-se tudo já são 13:07 vou enfiar essas contas na pasta e procurar um bar pra beber o aluguél de Otávio otário.