TERÇA FEIRA GORDA
Hoje, TERÇA FEIRA GORDA, por que gorda? O que fez engordar esta terça feira gorda? Só sei que dizem ser uma terça gorda e amanha será magra a quarta feira? ...Só sei que as cinzas cobrirão as cabeças dos fiéis católicos - "lembra-te que vieste do pó e ao pó retornarás" - quem não retornará ao pó? Será cinza fria de uma cova em terra crua, ou apodrecerá num sepulcro caiado ou arderá num forno crematório? Só sei que dizem ser esta terça gorda e amanhã um carnaval na vara determinará a quaresma...
Num passado distante, tão distante que o tempo dista, dita tempo que todo o tempo levou, o CENTRO LITERÁRIO RUY BARBOSA tinha a sua sede bem ao lado da Igreja Matriz; depois, sob a batuta de CARLOS GUERRA, nova sede foi instalada na rua dos Tamarindus - rua das Tamarinas, como dizem popularmente. Belos carnavais ali se realizaram... Quem não lembra? Na terça feira de Carnaval, em meio ao festejo entre marchinhas e tirolezas, tirolezas? De tirol? A rainha do carnaval era eleita. Foram tantas as rainhas - Isaura de Tilo, a bela Grinauria Leão, Maria Luisa Pontes e outras tantas, ficaram nas lembranças dos velhos carnavais... Havia um ar de simplicidade, de pureza, de leveza aqueles carnavais... Dona Joaninha Pontes, criadora de pontes entre os pobres e a sociedade vigente, tão presente a sua presteza, dona Joaninha animava os carnavais... Esta nobre mulher merecia um monumento, como exemplo, de quem sabe tornar as pessoas felizes... Bezerros, Centro Literário, Dedinho condutor da trama, os cantores dos bailes de carnaval - "oh, rosa; oh, rosa, quem foi que te maltratou?"; "quem não se lembra da casinha pequenina, onde nosso amor nasceu?" - e Zito, o inspirado músico de todos os carnavais, tantas interrogações que se perderam nas brumas do tempo... Se não fosse seu Zé Xico, não havia carnaval; o pé de Veloso, quem não lembra saudoso tamanho goso de ser bezerrense? E o mela mela da fonte da praça Duque de Caxias? Praça bem cuidada, supervisionada por Dona Carminha de Góes... Belos tempos de outrora, com direito a briga de boi em frente ao Café Avenida. É tanta a saudade que ninguém resiste, e insiste rememorar, e escrever um bendito aos que se foram e velaram o Papa-Angú, Papangu popularizado, que hoje, neste mundo globalizado, distribui ANGU para as gentes de todos os continentes... Valeram os nossos heróis do passado, a cambinda, Heleno da Vaca, o Zé Pereira que vinha de Recife de Mentirinha, ele ficava escondido na escuridão da estação, quando o trem das oito vinha de Recife, o dito Zé Pereira entrava nos vagões do trem e saia solene pela estação afora, iniciando o carnaval de Bezerros... Quem não lembra de Vuco Vuco das Tres e Vinte? Alegre, irradiava carnaval para toda a gente...
Felizes dias foram aqueles...
c.lira