Silêncio imperial, mas ainda é carnaval.

Um silêncio imperial. O vazio era sepulcral. Enfim, era carnaval. As gotas que caiam do céu anunciavam as festividades de Momo desde o início da manhã. Meu prédio clamava por gente. Gente recolhida em suas camas, viajantes que se destinaram às praias, outros que preferiram a região serrana, Porto Alegre estava deserta.

Não havia mais nada que o capitalismo barato ostenta-se, coisas a se consumirem. Porém a família a li estava, reunida, organizada, pronta para mais um carnaval. Sabíamos que não éramos os maiores foliões, mas sabíamos como curti-lo. Às vezes, determinados cidadãos acham que aproveitar às festividades de Momo é apenas deixar-se influenciar pela folia física durante as cinco noites. Amparar-se num copo de bebida e sair pulando, tentando cantar as letras das marchinhas tardias. E não é a única maneira de se curtir ao carnaval.

Durante duas décadas e mais um cinco anos pude ter o gostinho de estar no meio da folia, algumas vezes nem me lembro tanto, mas sei que lá estive. Dançando, cantando, bebericando, enfim aproveitei. Não sei se foi da maneira correta, no entanto fiz o outro caminho. Gostei. Tive muita ressaca. Pensei em desistir, mas eis que se aproximava outra festa de Momo e lá estava eu, feliz, alegre, ao lado de inúmeros amigos, que hoje mesmo distante, guardo-os em meu coração. Embora haja aqueles que não acreditam. Sei que aqueles momentos foram importantes, porém passaram. Não sinto saudades, gosto de revê-los através da minha imaginação. Guardá-los enriquece-me e sinto alimentando este álbum mnemônico.

Hoje o calor do povo é recompensado com o de minha família (que aumenta!), através dos nossos passeios, nos momentos de conforto, de descanso, de amizades, de festividades, de informação, de educação. Hoje não mais sou guiado pela natureza alcoolizada que me alimentava ao longo dessas noites, mas procuro não fazer disso o bastião da justiça de perfeição como muitos insistem em escrever e colocar como verdade. Vivo a minha, sigo acreditando na relação familiar, mas mantenho um diálogo limpo e crescente com aqueles que acreditam no carnaval como uma festa – a maior do País e quiçá a maior do Mundo.

Sossegar, ficar tranqüilo, é também saber aproveitar! Aproveitem, pois hoje ainda é carnaval!

Sergio Santanna
Enviado por Sergio Santanna em 12/02/2013
Código do texto: T4136865
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