A IMPERATRIZ E A PROVÍNCIA NOS DIAS DE MOMO.
Ver o Pará na avenida, exaltado por cariocas que se esgoelavam no refrão do Samba, foi no mínimo inusitado. A imperatriz é carioca, os súditos são da província do Grão Pará, ela, a Imperatriz, soberana e imponente, jogou as migalhas de brioches à plebe que gritou urras regozijantes até perder a voz. Continuamos nossa saga de orgulhar-nos do que vem lá de fora, afinal a capital do reino Brasilis é o Rio de Janeiro. Nossos tributos alimentaram a farra da Sapucaí e ainda engrossamos o couro pelo gesto benevolente da “Realeza” ao nos estender as mãos e nos permitir adentrar seu salão nobre, e mais, ainda nos trataram como se fossemos iguais... olha que gesto significativo! Quase não fomos discriminados.
Agora sim estamos de alma lavada, nossa terra tão sacaneada, surrupiada e careca foi exaltada na avenida, isso sim, é uma resposta aos que pensaram que ficariam apenas ricos e não contariam de onde vem todo aquele ouro, e as garças, pavões e gaviões, antes tão esquecidos, finalmente serviram para alguma coisa, enfeitaram e coloriram a vida de milhares de turistas. O muiraquitã do norte trouxe muita sorte a eles, fomos de fato reconhecidos, embora a emissora Real, tivesse trocado os nomes de nossas personalidades, foi legal, embora a emissora real tenha inventado nome de algumas tribos, foi bom, embora a emissora real não soubesse o que é Marajó e Tapajós, deu pra levar, embora na verdade eles não soubessem nem do que estavam falando...foi uma merda, nos curvamos novamente a uma cultura espoliadora, que nos desnuda sem defesa e nos transforma em coisinhas bonitinhas e exóticas para “inglês ver”. Somos tão carentes de representatividade de nossa terra, que reverenciamos qualquer menção ou citação feita em nosso nome, mas embora eles tenham apenas a intenção explícita de ganhar o carnaval nos escarnando e expondo o que temos de melhor de forma jocosa, ainda assim, torcemos por sua Majestade “A Imperatriz”.
Du Valle