Quando deixamos de amar alguém?

Quando pensamos que deixamos amar uma determinada pessoa, não tocamos, não abraçamos mais e não beijamos aquela pessoa que vive ao nosso lado. Procuramos ficar longe de aquele ser que nos incomoda tanto e produz dúvidas atrozes no nosso dia a dia. O sexo se torna mecânico, sem carinho e quando acontece é somente uma transa casual. As mãos quase não se tocam, os olhares não se encontram e quando se encontram há raiva neles. Os sorrisos em comum terminaram, não existe mais aquela cumplicidade própria dos amantes. Sorrimos para os outros e com os outros, mas não com aquela pessoa que amamos. Porém, às vezes o dia fica frio ou anoitecemos doentes de saudade e dormimos abraçados àquela pessoa que vivíamos tentando manter a distância durante o dia.

É tão bom voltar pra casa, vem uma sensação indescritível de felicidade em sentir o calor e a proteção daquele que tanto amamos. Neste momento, o tempo deveria parar e reter o calor do corpo amado, também abrandar as nossas lembranças amargas companheiras das noites de insônia. As borrachas não deveriam existir somente para apagar as palavras erradas, mas, também para abrandar as nossas dores. Poderíamos extinguir nossas memórias amargas, principalmente, aquelas que nos causam angústia e nos espaçam daqueles que gostamos. Já não sei mais onde anda o amor que existia entre nós. Talvez esteja esquecido nas pilhas de livros cheios de pó e espalhados pelas estantes. Pode ser que o excesso de obrigações o tenha afastado para alguma dimensão em que os habitantes ficaram com o amor que era meu.

Sempre reflito em minhas noites insones em como podemos saber se existe ou não mais o amor numa relação. Não sei responder, talvez nunca vá saber, pois o amor possui várias faces, acho. Há um cansaço secular em todas as relações sociais depois de algum tempo, sendo elas de amor ou de amizade. Às vezes, necessitamos de férias das pessoas em que convivemos diariamente, para que o amor, a saudade retorne e nos mostre o nosso lugar. Mas, nem sei se temos coragem de ficar longe daquela pessoa que está há tanto tempo ao nosso lado que pensamos nela como um artefato do nosso corpo.

2/01/2013

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 12/02/2013
Código do texto: T4136746
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.