O Carnaval não acabou

Sentado à secretária vou escrevendo o que me vem à mente, Há dias assim, só de empurrão é que as coisas me vão saindo. Entretanto vou martelando as teclas do computador, na esperança que uma frase faça sentido e que outras, por comiseração ou orgulho se enfileirem em protesto e acordem os meus neurónios, convidando-os a funcionar.

Não é fácil começar desta forma um texto, mas vamos lá tentar.

Ora bem: Hoje é terça-feira, dia de carnaval. Saí de casa por duas vezes, uma de manhã cedo e outra antes do almoço. Fazendo honras ao costumeiro aperitivo e ver os amigos, que como eu se aproveitam deste pretexto para conviver.

Nestas duas saídas concluí, que o carnaval acabou. Sim, por incrível que pareça, é essa a conclusão a tirar. Senão vejamos: Vivendo eu na capital deste belo país e numa zona nobre de Lisboa, nestes dois trajectos, não vi uma única pessoa mascarada. Nem sequer uma criancinha com aqueles fatinhos a imitar qualquer coisa. Nada, mas nada mesmo. Ah! perdão, vi o dono do café com uma cabeleira loira, parecendo uma modelo anoréxica, de tão alto e magro que é, mas honra lhe seja feita, pela intenção de animar o ambiente.

O que é que se passa com este povo? Outrora tão alegre e amigo de brincar. Hoje sisudo e triste, vivendo um dos piores momentos da sua história. Pensando na insegurança do amanhã, numa crise sem precedentes, motivada pelo desemprego e na injustiça dos impostos para dívidas pela qual não teve culpa.

No apertar do cinto, e assistindo a um esbanjar, por políticos corruptos que criam leis que os protege, a eles e a essa corja de gatunos, que desgraçaram este País e continuam impunes, gozando os proventos duma fraude bancária sem que a justiça faça alguma coisa.

A vergonha das parcerias público-privadas, com contratos longos e lesivos para o Estado sem que os culpados sejam responsabilizados. É mais um sorver dos poucos cêntimos que sobram (Se é que sobram), nos paupérrimos bolsos portugueses.

Afinal tenho que retirar o que antes disse sobre o carnaval. É que perante este forrobodó de impunidade, sinto-me obrigado a dizer: Afinal, O CARNAVAL NÃO ACABOU!!!