Desabafo de carnaval
O carnaval é inundação de imagens, é o imaginário sólido e puro, com muita simbolização, as vezes só bafeja reticências... Há muito barulho externo com pretensões a ser música, assim como há muito silêncio de monastério por dentro, nos interiores recônditos de quem se diz folião.
Alguns afirmam que o superego é solúvel em álcool, pode materializar fantasias, exprimir bipolaridades e zanzar entre a euforia e o niilismo de forma pândega ou apenas deprimente.
As pobres crianças carnavalescas se maquiam, se fantasiam, se cansam em sambar, desfilar e ter tantas obrigações que a infância mesma fica agendada para outro dia. As lantejoulas da fantasia, os brilhos, a purpurina o gloss transbordam em luz, o que é mistério e escuridão.
Será prazer, ou apenas fuga? Ou melhor, há prazer na fuga do carnaval?
Definitivamente não pretendo responder tais questionamentos... mas vale a pena refletir. Mulheres nuas fantasiadas de pureza chocam platéias mais pudicas, saltos altíssimos elevam corpos aos píncaros incongruentes entre um passo e outro bailado.
Outras mulheres desfilam ainda notoriamente com suas próteses, de silicone ou botox, todos querem ser belíssimos, esculturais, ter a estética do desejável... Atrair olhares, bocas e boatos...
Eis que de repente, na transvaloração da folia, na alegria fabricada para turistas, chega finalmente a quarta-feira de cinza... e as coisas finalmente se aquietam... os mais sisudos comentam que o ano só realmente começa após o carnaval...
Essa catarse folclórica traz agonizante dados culturais interessantes e marcantes da história de nosso país. Além dos clássicos excessos, percebemos que nem tudo é diluído em álcool e silêncios... há o sacrifício diário de restabelecer a rotina laboral, a rotina da escola, de mães e filhos, de idas e vindas... e o ciclo quase perfeito pois tem durabilidade certa...
Não se tem carnaval o ano inteiro...não se tem musas disponíveis ao desfile assim como não se tem mazelas expostas ao olho nu... Apesar de alienante, o carnaval é necessário, por razões econômicas, culturais e até filosóficas... Pois dando força à fantasia, construímos uma realidade mais colorida, mais criativa e talvez quem sabe, mais feliz.
Bom carnaval a todos ou felizes cinzas na quarta!
O carnaval é inundação de imagens, é o imaginário sólido e puro, com muita simbolização, as vezes só bafeja reticências... Há muito barulho externo com pretensões a ser música, assim como há muito silêncio de monastério por dentro, nos interiores recônditos de quem se diz folião.
Alguns afirmam que o superego é solúvel em álcool, pode materializar fantasias, exprimir bipolaridades e zanzar entre a euforia e o niilismo de forma pândega ou apenas deprimente.
As pobres crianças carnavalescas se maquiam, se fantasiam, se cansam em sambar, desfilar e ter tantas obrigações que a infância mesma fica agendada para outro dia. As lantejoulas da fantasia, os brilhos, a purpurina o gloss transbordam em luz, o que é mistério e escuridão.
Será prazer, ou apenas fuga? Ou melhor, há prazer na fuga do carnaval?
Definitivamente não pretendo responder tais questionamentos... mas vale a pena refletir. Mulheres nuas fantasiadas de pureza chocam platéias mais pudicas, saltos altíssimos elevam corpos aos píncaros incongruentes entre um passo e outro bailado.
Outras mulheres desfilam ainda notoriamente com suas próteses, de silicone ou botox, todos querem ser belíssimos, esculturais, ter a estética do desejável... Atrair olhares, bocas e boatos...
Eis que de repente, na transvaloração da folia, na alegria fabricada para turistas, chega finalmente a quarta-feira de cinza... e as coisas finalmente se aquietam... os mais sisudos comentam que o ano só realmente começa após o carnaval...
Essa catarse folclórica traz agonizante dados culturais interessantes e marcantes da história de nosso país. Além dos clássicos excessos, percebemos que nem tudo é diluído em álcool e silêncios... há o sacrifício diário de restabelecer a rotina laboral, a rotina da escola, de mães e filhos, de idas e vindas... e o ciclo quase perfeito pois tem durabilidade certa...
Não se tem carnaval o ano inteiro...não se tem musas disponíveis ao desfile assim como não se tem mazelas expostas ao olho nu... Apesar de alienante, o carnaval é necessário, por razões econômicas, culturais e até filosóficas... Pois dando força à fantasia, construímos uma realidade mais colorida, mais criativa e talvez quem sabe, mais feliz.
Bom carnaval a todos ou felizes cinzas na quarta!