Saúde pública
Creio ser urgente uma reflexão a respeito da saúde pública no Brasil. O sistema de saúde pública está caótico e as informações que nos chegam são desanimadoras. Pessoas sendo atendidas nos corredores, quando são atendidas, porque há casos e não são poucos de doentes que falecem enquanto esperam ser atendidos. Isto sem falar na falta de higiene, profissionais atendendo a doentes sem o mínimo de condição, e inclusive a presença de moscas que cito aqui porque infelizmente já vi esses insetos em hospitais.
Os problemas são inúmeros e uma crônica não dá conta de analisar a todos, entretanto, propicia uma ocasião para que se reflita a respeito. Um problema que tem se evidenciado ultimamente é a falta de médicos. Médicos que não querem mais trabalhar em fins de semanas. Preferem ser especialistas porque estes tem um salário maior e trabalham de segunda a sexta no horário comercial. E o que falar daqueles médicos que faltam aos plantões em fins de semana, sendo que algumas vezes seus colegas batem o ponto para eles, porque desta forma garantem a integridade do salário.
A estrutura também causa arrepios a qualquer um que olhe um pouco mais atentamente. Faltam remédios, faltam equipamentos e materiais hospitalares para a realização de procedimentos básicos. Em alguns casos falta a própria estrutura, sobre este fato vi na mídia que algumas prefeituras terão que devolver ambulâncias ao governo federal porque foram incapazes de colocar uma estrutura de emergência (SAMU) em operação. Um município ou um grupo de municípios (consórcio) que não são capazes de colocar uma ambulância a disposição de sua população deve fechar as portas e tornar-se distrito de um município maior. Deste modo, pode se pegar o salário do prefeito e dos vereadores e montar a estrutura de emergência. Garanto que ainda sobra dinheiro. O que horroriza ainda mais é que algumas ambulâncias são utilizadas para outros fins, por exemplo, o transporte escolar.
Falar da corrupção no setor de saúde é chover no molhado, porém, não custa lembrar as compras superfaturadas, e da comissão cobrada pelos responsáveis pelas compras. Estas comissões geralmente variam de 10 a 20%. A área da saúde é uma das áreas que mais recebe verbas, consequentemente, é uma das áreas em que mais se rouba o dinheiro público.
Engana-se quem pensa que os problemas da área de saúde limitam-se a esfera pública. Os planos de saúde privados também deixam muito a desejar. Durante muito tempo o setor público de saúde foi sucateado e os planos privados de saúde vendidos ilusoriamente como a solução, ou seja, quem tivesse um plano de saúde estaria protegido. Ledo engano, o que se vê são os planos de saúde não cumprindo os contratos e não cobrindo doenças que tenham um alto custo em seu tratamento. Isto sem falar nos planos de saúde que vão à falência e deixam as contas hospitalares para seus pacientes. Este que vos escreve passou por esta situação. Meu falecido pai pagou um plano por mais de vinte anos e quando precisou utilizar os serviços contratados decpecionou-se, porque o plano não cumpriu o prometido. Deste modo, o hospital acionou-me juridicamente simplesmente porque o plano de saúde não fez a parte dele.
Além dos reajustes abusivos os planos privados de saúde também tem criado dificuldades a seus membros na hora de marcar consultas ou cirurgias, inclusive impondo prazos longos para a realização de simples consultas ou exames. Em alguns casos alguns planos de saúde privados em nada diferem do sistema público de saúde.
A questão da saúde é uma questão que extrapola ideologias ou preferências partidárias, e somente pode ser resolvida, ou melhorada pelo menos, com o envolvimento e união de todos os setores da sociedade brasileira. Até porque os problemas da área de saúde podem ser vistas em todas as esferas dirigidas por diferentes entidades partidárias, e em todos os estados brasileiros, inclusive naqueles que são considerados os mais ricos. Deste modo, somente um movimento de união dos brasileiros poderia iluminar esta área que se encontra em plena escuridão.