Velhos Amigos
Final de tarde. Encontro bem casual. Qualquer hora é hora para uma boa conversa. Uma xícara de café como anfitriã, e o abraço fraterno. Frente a frente, hora de liberar a pauta atrasada. Desavisadamente, os assuntos caíram na perigosa vala das lamentações. E tornaram-se tristonhos, melancólicos, simples constatações das fragilidades comuns. Foi um desfilar de doenças e pesos carregados sobre as costas.
Mas, aí, de repente, recolhemos de nossos baús empoeirados peças (ainda muito bem conservadas) de nossa irreverência. Somos assim, presas fáceis do bom humor. Ainda bem. Entre uma piada sem graça e outra, rindo somente por amizade, misturamos café com bobagens.
Refizemos, aos goles de capuchino, as melhores histórias, encontros, desencontros, pais, filhos, família, amenidades. E até nos demos conta de quão pequeno era o grande horizonte, que pensamos ter avistado um dia. A imortalidade, a audácia, a invencibilidade da juventude já se aquietaram, lá atrás. E, agora, prevalece nossa conveniente complacência com tudo.
Conformados, guardamos os frouxos sorrisos, e voltamos aos nossos mundos.