Santa Maria!

Nesta indignação de mundo de círculos, precisamos ver certas mil gentes desfalecerem para podermos algo corresponder.

Neste pão quase esfarelado, nesta pátria de merda, Brasil. Mais quantos mil se vão?

Mais quantos estão sem fiscalização, abas, mais corpos... Se vão os copos vazios, se vão os corvos escondidos.

Nesta má distribuição, outros se queimam, outros dizem: Queima, Jesus. Mas, no final, todos morrem cremados.

Enquanto uns vivem cremados, vivem isolados,

O que é que você quis dizer? Quis morrer!

O que me dizer? Sobre o paraíso dos santos, das santas... Santa mãe! Santa Maria!

Uns sofrem para que outros tomem providências.

Uns se humilham, de joelhos, sem ar, para que outros respirem aliviados: quimera!

Uns se escravizam, enquanto outros fazem juízo imperfeito pelo que se ganha e se gasta.

Quanto você ganha pela morte, pelo sofrimento, pelo choro?

Enquanto unimos as caixas, os livros, as histórias, para lembarmos apenas dos sorrisos derretidos.

Se derrete o gelo, se derrete a vela, se vai a fumaça levando os sorrisos.

E eu aqui, oprimido, sendo que você não faz nada por isso.

E eu aqui vivo com o passado, sendo que no presente não se vê mais os certos passos.

Nessa hora choram as flores mais enxugadas, enrugadas, mas que, no fim, não fizeram nada para bancar a falta do comprometimento, sentimento.

Sentimentalistas nesta época já se foram, pão e circo, volta o círculo.

E esta gangorra... Não, eu não quero mais brincar. Por favor, já passei dessa idade de divertimento; quero compromisso sério.

E essas promessas que se desfazem como folhas queimadas, como pulmões sem ar, como pés sem saída.

Rebobina a fita - sim, é o mesmo filme, mas com novos atores e atrizes. Somos dramaturgos de uma mesma novela.

Se sou modelo, amor, quer fazer parte do meu filme? No fim todos morrem, todos choram, e o círculo continua...

A saída era apenas uma entrada para uma fumaça que movia a minha mente. Não restam mais saídas, apenas choros, lembranças, e o círculo continua...

Renato F.Marques