A CHUVA DE PÉTALAS DE ROSAS
 
Como, às vezes, a intenção de provocar uma grandiosa ação, torna-se um desastre, deixando o autor da proeza em maus lençóis perante aqueles que seriam, pensava ele, homenageados pelo seu ato.
Permita-me o leitor não citar nomes, uma vez tratar-se de gente muito ligada a mim, e que bem poderia não aceitar a divulgação dos fatos que vou relatar. Se bem que, na realidade, não se trata de qualquer tipo de ofensa. E outra, se o personagem ler esta crônica, logo saberá que é dele que estou falando. Nem de longe, é minha intenção ofendê-lo, ou levá-lo ao ridículo. Interessa o fato.
O episódio aconteceu em uma cidade do interior de São Paulo, onde um político muito chegado, possuía uma fazenda. Cidade essa de médio porte, quiçá tendo uns trinta mil habitantes. Naquela época, coisa de mais de dez anos atrás.
Estava com minha mulher Iara, e mais alguns casais, desfrutando a beleza da propriedade do citado político, nos dias em torno do feriado de Corpus Christi. O deputado possuía, também, um helicóptero. Como havia ele obtido relativa boa votação na cidade, e por ter conseguido alguns benefícios para a mesma, detinha certo prestígio no local.
Vocês sabem, é muito comum no interior, nessa data, as cidades enfeitarem as principais ruas, com motivos religiosos, utilizando serragem tingida em cores. Um trabalho bonito, exigindo certo, ou bastante, dom artístico dos decoradores.
Pois bem, o deputado arquitetou uma surpresa aos habitantes da cidade, para o dia e hora, em que a população estivesse comemorando a data religiosa, com a tradicional procissão. Adquiriu alguma quantidade de pétalas de rosas, e com o helicóptero jogaria sobre os participantes. Seria até bonito, mas...
Assim foi feito. Quando a procissão chegou a seu auge, houve o sobrevôo. Acontece que, ao dar um vôo rasante, para jogar as flores, o vento muito forte provocado pela hélice da aeronave, varreu todo o trabalho artístico executado, acabando com toda decoração da rua.
A revolta foi geral.
Durante muito tempo o fato foi comentado. Sei, porque meu filho mais velho namorava uma moça, residente em São Bernardo do Campo, que possuía parentes na cidade.
Aconteceu. Paciência!

PS - Com esse , completo o 200º texto colocado no Recanto das Letras
 
Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 11/02/2013
Reeditado em 11/02/2013
Código do texto: T4134696
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