(Im)perfeita vida
Quero menos sorrisos falsos e mais lágrimas desinteressadas. Onde está escrito sobre a obrigatoriedade de estar feliz vinte e quatro horas por dia? Onde, a proibição de estar séria, menos sociável? Se o sorriso abre portas, eu não sei. Mas sei que não quero abertas as portas que eu não tiver interesse em entrar.
Tenho o direito de sentir o peso do mundo e ainda assim adormecer em paz. Tenho o direito de ter minhas costas doendo, minhas vistas cansadas, meus ombros tensos, a cabeça doendo sem ter que me medicar toda vez que isso acontecer. Aprendi que nem todas as coisas que me parecem ruins de fato o são. E que nem todas as coisas que me parecem boas também. Aprendi que preciso ser mais sensível aos sinais de meu corpo, e aos sinais da mente.
Quero tão-somente viver e provar com prazer cada receio, cada insegurança, cada expectativa, e correr o risco de me frustrar. Porque estou farta de venderem a promessa de uma vida perfeita pautada em padrões de comportamento tão alheios a realidade humana. Minha vida perfeita será assim: cheia de imperfeições. Cheia de dias ensolarados e de dias nublados também. Será perfeita porque será minha vida.