Cadeira cativa


 
No primeiro dia de aula os alunos correm, até se atropelando, para escolher um lugar na classe. É compreensível, querem ficar perto dos amigos, perto da janela ou longe do professor. No dia seguinte, e daí em diante, ninguém pode sentar-se naquela carteira, ela é ‘do fulano’ ou ‘da fulana’ e ninguém tasca. Se por acaso tiverem que mudar de sala por algum motivo, nem que seja para uma aula apenas, o ‘mapa’ será praticamente igual. Mas não é só com os jovens que isso acontece. Se adultos se tornarem alunos, num curso de línguas por exemplo, também preferem se sentar no mesmo lugar da primeira vez. O mais interessante é que nem sempre esses lugares foram escolhidos. Como aconteceu de ficarem ali no primeiro dia, parece que tomam posse da cadeira.

Engraçado que em três cursos consecutivos nos quais trabalhei, com duração de mais ou menos dois meses cada um, sentaram-se exatamente na mesma cadeira três homens com o mesmo nome. Os alunos riam quando eu dizia que aquele lugar era exclusivo. Cadeira cativa dos Carlos!