Jarinu- A mulher que esperava a morte

PESSOAS DE JARINU

A MULHER QUE ESPERAVA A MORTE. (rl)

Há muitos anos, quando cheguei em Jarinu conheci uma mulher que me chamou a atenção devido a uma mania em particular.Naquela época a cidade era praticamente uma colônia italiana, todas as famílias eram descendentes de italianos ou “oriundi”. Fui a um sitio buscar mangas que se perdiam nos pastos e a italianada agarrou na prosa e fizeram questão de me mostrar as lavouras e falamos sobre o comercio de legumes. Era Ceasa pra cá e Ceasa pra lá. Fui embora com mangas, vagem, pimentão, limão tudo dado por simpatia e amizade. Na casa havia uma parte mais social, moveis modernos, tudo bem civilizado e nos fundos havia uma cozinha grande com forno a lenha e toda bagunçada, em uma mistura de ferramentas com utensílios domésticos, bancos rústicos e o grande tesouro, diversos garrafões enormes com o mais puro vinho caseiro. Quando chegamos na cozinha a dona da casa estava assando polenta em uma chapa no fogão á lenha e dão um nome para polenta assada ao qual não me lembro mais. A conversa se prolongou tomávamos vinho com polenta assada e os assuntos brotavam com facilidade. Foi ótima experiência para ficar sempre na lembrança, alem de outro assunto muito estranho. Haviam me dito que a dona da casa toda noite se vestia com a roupa que queria ser enterrada, um misto de recato e de não querer dar trabalho para terceiros. Nunca acreditei na historia antes, mas entre tantas conversas esse assunto saiu e a mulher confirmou. Achei estranho, mas compreendi, é cada um na sua e tudo bem. Depois me confirmaram que esse hábito já vinha de longa data. Apenas o que me ficou claro é que ela achava que morreria de noite, o que é apenas uma das possibilidades. Foi há muito tempo nem sei bem onde é o sitio atualmente e nem no que deu ao final então deixo esse relato com começo, meio e sem fim.

danilos
Enviado por danilos em 10/02/2013
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