Bons tempos.
Era um tempo que se tivéssemos que rotular, poderia traqüilamente dizer que era o "dasvacas magras", eu morava tão distante do centro da cidade que quando dizia a algum conhecido onde eu residia, era comum ouvir a irritante frase :- puxa,você não mora, você esconde.
Todos riam ante o gracejo, que confesso me deixava um tanto constrangido, mas para desapontamento completo, não poderia contrariar minha origem suburbana, era longe "prá caramba", para vocês terem idéia, precisava de tomar dois coletivos e ainda andar um pouco para chegar ao colégio onde eu estudava.
Diante deste fato, era comum, para economizar a passagem, sair muito cedo de casa para aproveitar a carona na camionete do meu pai que madrugava para vender frutas na feira, confesso que não me agradava acordar cedo demais, enfim era por uma causa justa.
Chegava muito antes do início da aula, era o primeiro quase sempre, logo depois o amigo Carlos Magno, que ficava contando seus casos, suas aventuras sempre bem sucedidas com as meninas do seu bairro, sempre as mais bonitas contrariando a realidade que eu conhecia no colégio, pois nunca ví meu amigo com nenhuma das garotas que poderíamos dizer positivamente algum atributo de beleza. Suas bem sucedidas estórias com beldades nunca por mim foram constatadas, muito pelo contràrio, na turma o Carlos namorava as mais feias, lembro-me de uma que vou evitar citar o nome, que usava um óculos verde, enorme, estranho, que até mesmo o Magno fazia, óbviamente quando ela não estava presente a seguinte "piada": -Namoro uma menina que têm olhos verdes, mas...só de óculos.
Que maldade.
Apesar da grana curta, bons tempos...