MUDANÇA ou REENCARNAÇÃO

MUDANÇA ou REENCARNAÇÃO

10/02/13

A maioria das mudanças são coisas sofridas. A mudança é um processo e assim sendo é lento podendo durar uma vida. A vida é uma mudança. Se pensarmos a vida como uma mudança contínua e a deixarmos acontecer sem interioriza-la estaremos vivendo nossa infância. Se pensarmos a vida como uma mudança contínua capaz de ser acelerada ou freada de acordo com nossa satisfação ou insatisfação ou, melhor dizendo, de acordo com nossa aceitação e muito mais de nossa não aceitação, estaremos vivendo nossa adolescência. Se pensarmos a vida como uma mudança contínua e selecionarmos o que achamos que nos serve como nossos padrões de conduta, estaremos vivendo nossa maturidade e se pensarmos a vida como uma mudança contínua e começarmos a remexer em nossos arquivos e vermos que documentos (coisas conhecidas em fases anteriores) podem nos dar novas e derradeiras perspectivas ao nosso processo existencial, estaremos vivendo nossa “envelhescência”.

Nada na vida ou em nosso processo contínuo de mudança é definitivamente bom ou ruim, certo ou errado. Ninguém em sã consciência é capaz de errar sabendo ser um erro que o encaminhará para um resultado ruim. O que é bom para mim não é bom para alguém e é péssimo para outros. A vida são experiências. O ser humano é uma experiência da natureza, assim como o são todos os seres. A natureza cria seus componentes adaptando-os ao seu entorno, mas suas criações são agentes de mudança dela própria, da natureza. Suas criaturas alteram o meio em que vivem de forma consciente ou não, simplesmente para cumprir seu “destino”. Na maioria das vezes entendemos tais ações de mudança como destruição, pois para nós seres pensantes só existem duas situações ou estamos acomodados ou estamos incomodados. A acomodação nos leva a uma premissa de situação confortável que temporariamente oprime nossa necessidade inata de mudança, de destruição do que vivemos. A acomodação nada mais é do que o tempo necessário para criarmos nossas estratégias para eliminarmos nossos incômodos, é a fase de uma ebulição interiorizada e às vezes não consciente, manifestadas por irritabilidade, insônia, estresse ou doenças.

Nós humanos nas fases de nossas vidas vamos “arquivando” nossas experiências. Na infância não temos dados nossos arquivados e, por isso, imitamos os outros. Com as imitações vamos criando “vivências” que arquivamos a direita ou a esquerda, na primeira ou na segunda gaveta de nossa memória. Na adolescência passamos a explorar nossas vivências e queremos ultrapassar nossos próprios limites, pois ainda desconhecemos nossas capacidades. A maturidade nos leva a conscientização de nossos arquivos de uma só gaveta, a das quebras de nossos próprios limites e aí as vivenciamos de forma absoluta como nossas verdades. Na “envelhescência” passamos a ter consciência das gavetas não exploradas, dos limites não ultrapassados e aí sabemos que o desafio é grande, pois não ultrapassá-los significa morrer e a morte é uma acomodação, uma desistência de uma vida para transformá-la em outra.

Geraldo Cerqueira