Santa Maria: o que os jornais não mostraram.

O brasileiro é um povo especial. A sua capacidade de suportar o que a adversidade da vida tem de pior, vide os nossos irmãos do nordeste, e, mesmo assim, não arredar pé do seu chão, da sua raiz.

Um povo solidário, que abre seu coração quando necessário for, só para ajudar e compartilhar o que puder com quem precisa.

Um povo empreendedor, que se lança à cata de novos desafios com a inquietude de uma ave de rapina e, mesmo na falta do toque de Midas, consegue erguer impérios do nada.

Povo que dispara seu coração em uníssono quando a bola passa rente à trave e faz este mesmo coração entrar em fervura quando seu time marca mais um gol.

Povo que tem a capacidade criativa na sua maior envergadura.

Em alguns momentos, este dom se incorpora com uma veemência sem par.

Em outros momentos, esta peculariedade tão impregnada na alma do nosso povo mostra o quanto é pertinente, numa demonstração de aplicabilidade que supera a mais obtusa ficção.

Imaginar o inimaginável talvez seja a vertente que mais distingue a raça tupiniquim, algo que faz essa terra ser realmente abençoada pelo Criador.

Logo após a tragédia de Santa Maria, tão logo os corpos foram retirados da boate, o local escolhido para reconhecimento de suas famílias foi o estádio daquela cidade gaúcha.

Momento de dor e consternação sem paralelo para quem teve que ir lá identificar um filho, um irmão, uma namorada, um amigo, o que fosse.

Foi então que, no meio de toda aquela cena horrenda, que um brasileiro mostrou a sua iniciativa singular.

Se fez passar por parente de uma vítima só para roubar seu celular e relógio.

Cumpriu todos os trâmites necessários para entrar naquele lugar impregnado de tristezas infinitas só para cumprir seu objetivo.

Semana passada, ele foi preso.

Imagino alguém ter tido essa ideia quando todo o país e o mundo choravam pelas vítimas da boate Kiss.

Um exemplo que, mesmo nas situações mais adversas, prevalece a sua capacidade criativa fora da curva, de "sacar" uma forma de tirar proveito do momento, por pior que ele seja.

Uma atitude que envergonha cada um de nós.

Sentimento tão contundente quanto aquele que todos tivemos quando acordamos naquele domingo, que despertou bem mais triste do que todos os outros que teremos nas nossas vidas.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 10/02/2013
Reeditado em 10/02/2013
Código do texto: T4132646
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