Drops
Graduation
Com as duas mãos firmes, ela aproximou meu rosto e, sem se importar com as lágrimas, acalentou minha saudade. Não havíamos tido, de fato, momentos desse tipo. Juntas, inauguramos a quebra de uma falta velada, um carinho contido - coisa que, em 26 anos, nunca havíamos conseguido. A distância fez milagres. Transformou ruas em vilarejos juvenis por onde eu sabia que, se eu caísse, teria mães, irmãs e abraços para me levantar. Da cozinha, o cheiro era mais doce, as histórias mais brilhantes e a casa bem mais aconchegante. Em lágrimas, celebramos a certeza de estarmos agora bem mais mãe e filha.
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O que sei da vida, afinal?
Sentada em um trapiche de um vilarejo longínquo, balanço os pés descalços que, tocando na água, me aproximam do mar. Ao longe, avisto o nascer do sol e o silêncio dos que dormem me faz ser, mesmo que desajeitadamente, um. Não há (e nunca haverá) aprendizado mais preciso, conhecimento mais verdadeiro. Quando a cidade atrás de mim liga suas máquinas, uma revoada garciana atordoa as lascas de água que, agora mais agressivas, tiram meus pés, desligam-me do mar. Essa ventania sempre traz céu carregado e, de forma grosseira, me arrancam, me justificam, me anulam. A vida que ligamos é uma morte anunciada, um afogamento na superfície, um caminho para longe do mar.