Efeitos colaterais

Entre olhares quentes, suspiros fundos, calores, rubores, palpitações em só pensar naquela pessoa que nos leva as nuvens, existem ainda fatores físicos que são comprovados cientificamente como aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, falta de apetite, concentração e sono. Tudo isso por alguém que mexe com nossa cabeça, aquele que tem um brilho diferente no olhar.

Quando estamos apaixonados nosso cérebro libera para o organismo dopamina, um neurotransmissor da felicidade e da alegria, por isso o amor é tão lindo. O efeito é semelhante ao da cocaína, nos deixa agitados, corajosos e com vontade de fazermos coisas novas, mesmo nos alimentando pouco e dormindo mal, sem mencionar na crise de abstinência quando se está longe da vítima da flechada do Cupido, que nesse caso é bom que ele tenha acertado ambos ao mesmo tempo, senão os efeitos agradáveis da paixão serão tortura ao único apaixonado.

Em pesquisas publicadas pela revista Superinteressante, estruturas do cérebro chamadas núcleo caudado, área tegmentar ventral e córtex pré-frontal mostram-se mais ativas nos apaixonados. São áreas ricas em dopamina e endorfina (neurotransmissor semelhante a morfina) juntos eles proporcionam o prazer de comer quando se está com fome, beber quando se está com sede, ou seja quando falamos com o amor de nossa vida (enquanto estamos apaixonados) mesmo que por telefone nosso cérebro libera dopamina e endorfina para que tenhamos mais e mais prazer.

A feniletilamina, parecida com a anfetamina, é outra molécula natural associada a paixão, assim como a noradrenalina, que contribui com a memória para novos estímulos, nos fazendo lembrar da roupa, do cheiro, do cabelo, dos traços do nosso alvo. Hormônios como a oxitocina e vasopressina, responsáveis pela formação dos laços afetivos mais duradouros e intensos também são produzidos intensamente na fase da paixão mais avassaladora.

Enquanto a maioria das substâncias químicas apresentam níveis mais elevados no auge da paixão, a serotonina, que tem efeito calmante e nos ajuda a lutar contra o estresse, diminui em cerca de 40%. Isso explicaria o pensamento incontrolável, algumas atitudes insanas, quase psicóticas, e a fixação numa única pessoa na fase aguda. A diferença é que, quando se trata de paixão, essa loucura se resolve em poucas semanas, no máximo alguns meses, com as taxas voltando ao normal, o organismo se acalmando e o amor – estágio seguinte e sem efeitos colaterais severos, inclusive por atuar numa zona diferente do cérebro – tomando conta da pessoa. Outra razão para a queda da serotonina é a produção de mais hormônios sexuais, que facilitam a aproximação e a formação de pares estáveis, uma missão gravada em nossos genes.

Curiosidade: os efeitos da paixão são tão avassaladores para o nosso organismo que se durasse mais do que algumas semanas nosso organismo teria um colapso. Preocupe-se se você permanecer super apaixonado por muito tempo.

Além das substâncias já comentadas temos ainda o aumento na produção de testosterona nas mulheres, as deixando com mais libido e a diminuição nos homens, os deixando menos agressivos. Temos os feromônios que são liberados continuamente pelos nossos corpos, são eles que fazem acontecer a primeira troca de olhares, os primeiros flertes.

“Provavelmente, num primeiro momento, o indivíduo se decide pela imagem do alvo, buscando atributos físicos que denotem um bom reprodutor – ou reprodutora –, de acordo com os seus padrões. Só que para se chegar à paixão é preciso algo mais, como uma experiência de convívio, de mais motivações que ativem as áreas de gratificação”, diz o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital das Clínicas de São Paulo, especializado em ansiedade e depressão.

Concluo então que apaixonar-se é a melhor sensação do mundo quando o sentimento é recíproco. Estou adorando essa sensação de borboletas no estômago, as crises de abstinência, a fissura por mais e mais de ti, a vontade de estar perto, a vontade de ouvir a tua voz. Fica a dica!

Luci Pavoni
Enviado por Luci Pavoni em 09/02/2013
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