"Aprender ou ‘Dez-aprender’?!"... Eita Língua complicada
Sinceramente, estou pensando em mover um processo contra a União, ou melhor, contra os órgãos responsáveis pela Educação no Brasil. Não acho justo o que fizeram comigo e com certeza com outros 'ex-alunos' há anos lá remotos. Hoje tenho plena certeza que tinha razão quando questionava com meus mestres de sala de aula (educadores), principalmente com os da Língua Portuguesa, que eu estava certo – digamos em minha tese – e eles errados nas deles. Eu já era pra ter me formado bem mais cedo nas faculdades onde me graduei, e se não fosse a ignorância de meus ‘ex-mestres’ em terem me reprovado algumas vezes. Eles foram 'coautores' naquele tempo de eu ficar retido pra Segunda Época (naquele tempo era um sistema e dispositivo de avaliação para promover ou reter o aluno de Série/Ano). Lembro-me que eles eram 'superexigentes', bem rígidos, e como não lembrar das tantas vezes que tomei boas coças de meu velho Pai Orivaldo, pois em reuniões nas escolas os professores diziam que eu era rebelde em questionar a escrita da maravilhosa e eficaz Língua Portuguesa. Fui reprovado algumas Séries por colocar os acentos e 'hífens' nas palavras onde não eram pra se colocar, e não colocar onde eles diziam que deveria de se colocar. Quando errava os acentos e 'hífens' das palavras tinha que 'reescrevê-las' várias vezes no hoje desusado caderno de caligrafia, ou mesmo me submetendo à vexatórias no quadro negro da sala de aula. E aí de mim se não o fizesse! Devo admitir também que eu era duro na queda e birrento com os mestres educadores. Ainda recordo o Professor Manelão e a Dona Olga com todas as suas arrogâncias e imponências dizendo: “Antonio, se não colocar trema vira 'linguiça'!” – E eu revoltado e intransigente respondia: “Professora, não são simples dois pontinhos que irão mudar o modo de ler e entender nas pessoas; locutor e ‘interlocutor’ se entendem até por fumaça!”...
E dá-lhe bronca novamente: “Vamos, vai pro castigo! Pode ficar de pé atrás da porta, de rosto virado pra parede. Se virar para classe ou rir vai tomar palmada... E ponto negativo pra você!” – Diziam quase sempre eles donos da inverossímil verdade.
Com todas as letras, pontos, acentos, etc. e reformas, hoje eu posso dizer que fui 'heroico', e eu estava certo e eles errados no modo de analisar a comunicação, que eles foram 'antieducativos'. Se um dia nos encontrássemos poderia cobrá-los muitíssimas desculpas e reparos de suas condutas e partes intelectuais. Hoje na situação em que me encontro, um senhor já de idade, formado e estruturado profissionalmente; depois de tudo o que labutei, vem o Sr. Ex-Presidente da República com essa 'ideia' e dizer que o que eu aprendi estava em desalinho, e temos que nos globalizar, acompanhar a evolução da escrita. Que os países de Língua Portuguesa sempre falaram o que hoje sugerem os intelectuais da área, ou por apenas satisfazer alguns: unificação das palavras e dialetos.
Simplificando, lá no passado tomei bomba no boletim; humilhação e sova no canto da sala de aula; padeci no canto do quarto mofando lá em casa por causa deles; e agora tenho que 'reaprender' do modo que ‘desaprendi’, ou aprendi (já nem sei mais nada!). Até o 'auto-corretor' de texto ortográfico do meu 'ultramoderno' PC que hoje é 'bilíngue' – é o meu 'pseudoprofessor' 'momentâneo' – insiste grifar em vermelho, contrariando em 'contrarregra' que as palavras que eu estou teclando e escrevendo estão erradas. As mesmas que até ontem eram erradas e hoje pelas novas regras estão corretas. Pelo jeito o corretor de texto do meu 'microcomputador' ao imprimir páginas futuras irá me chamar de 'debiloide' ou 'paranoico'; e em sua memória, (pois todos os meus dados pessoais estão armazenados nele) indagar, reprimir mais uma vez, que apesar da idade estou ‘desaprendendo’. E o pior é que tudo está salvo em seus arquivos como prova dos erros. Mas na sua benigna 'eficiência' de 'autocorreção' era deletar o que pra ele está escrito errado. Se eu pudesse entrar na sua memória e codificar a minha 'línguagem' humana para a computadoriana (ASC II), diria à ele que fique 'tranquilo’, que nós dois estamos corretos e quem está errado é o bicho homem que faz de nós de gatos e sapatos; dizer ao meu PC que vou ter que 're-programá-lo' (formatá-lo) só para satisfazer o egotismo intelectual fronteiriço de nossa literatura; que temos que modificar o nosso modo de escrever, de 'reescrever; mostrar ao Mundo Globalizado que a estrutura está bonita, que falamos a mesma língua e assim acompanhamos a modernidade em unidade.
Nesse intervalo irei à estante e abrirei mão do velho caderno de caligrafia, que minha mãe, Dona Jorgina, guarda até hoje de lembrança desde os tempos de aluno primário. Rascunharei alguns versos no caderno ‘milimetrado’, e depois vou lá ao velho e empoeirado baú de relíquias e ressuscitarei minha iniciante de tempos remotos: uma máquina de escrever manual da Olivetti, pois ela NUNCA me corrige. Lógico que não posso esquecer-me de alocar ao meu lado, em cima da mesa para consulta bem aberto, um BARSA e um novo dicionário Aurélio atualizado da Língua Portuguesa. Tudo isso por causa de uma simples ortografia mal pontuada, mal hifenizada, mal acentuada, mas acima de tudo interpretada do nosso jeito Tupinanquim. Será que agora vai dar certo?! Só o futuro irá dizer!
Marcos Antony