ESTÁTUAS                     
 
Em minhas andanças diárias pela principal rua de comércio de Santo André, a Oliveira Lima, de uns tempos para cá tenho observado a exibição de verdadeiros artistas, as estátuas vivas.
Sim, são verdadeiros artistas. Normalmente, os encontro bem no caminho normal para meu escritório, quando ainda estão se maquiando, começando aí o lado artístico dos mesmos. A maquiagem é feita ali, em condições precárias, sentados no próprio pedestal onde se exibirão, usando pequenos espelhos. Ora, o soldado de guerra, ora a figura de um antigo cortesão, ora o pirata. Todos perfeitos! Permanecem horas e horas na mesma posição, a troco de míseros trocados. Normalmente, são as crianças que mais se impressionam, e quando colocam suas contribuições, recebem o agrado da estátua, uma bala ou pirulito, ou um simples agradecimento.
Em decorrência disso, apareceu um “genérico”. O lado humorístico.
Determinado cidadão, um homem de rua, catador de lata, já conhecido pela sua figura grotesca e a voz rouca, sempre mal ajambrado, teve a idéia de imitar as estátuas. Com alguma economia adquiriu fantasias bem simples, ora de palhaço, ora de pirata, e, no natal, a de papai-noel, passando a se exibir encima de um caixote.
Por sua criatividade, no fato de imitar jocosamente os verdadeiros, obteve certo sucesso! Mas, acho que durou pouco, pois, já o vi perambulando pela Oliveira Lima, alcoolizado, e dormindo nas beiradas da via.
Voltando aos verdadeiros, nas minhas andanças em viagens de turismo, a primeira vez que me deparei com as estátuas vivas foi em New Orleans, a cidade do jazz dos EUA, 1989, e numa outra, na Espanha, no ano de 2000, em Barcelona, na famosa La Rambla.
Todavia, em tudo que escrevo, não posso deixar escapar meu lado saudosista. Toda vez que me deparo com as estátuas vivas na Oliveira Lima, sempre há o nostálgico som do velho realejo, ao lado, com seu periquito retirando as cartinhas de amor para as mocinhas enamoradas.
Como nos velhos tempos.
 
Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 08/02/2013
Reeditado em 08/02/2013
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