ADORÁVEL SURPRESA
A voz que chama por mim no portão ao lado,não me é estranha.
Arrasta a entonação familiar de alguém à quem se quer bem.
Ao sair para atender,deparo-me com a grata surpresa:
Amparado em sua bengala (um mero detalhe do qual ele nem precisaria) traz o costumeiro sorriso na face.Sob os óculos,um olhar azulado,tanto quanto o céu da tarde.
Nos cabelos a alvura das revoadas e da boca ,palavras que agem como fluídos .
Toco em suas mãos com todo o respeito e admiração que lhe devoto.Faço-lhe sabedor da enorme alegria que sua presença me causa.
Recusa-se a entrar;tem uma certa pressa. O falecimento de um amigo ,trouxera-lhe ao campo santo para a última despedida.
No caminho de volta,a demonstração de afeto à este que tem o privilégio de fazer parte de seu círculo de amizades.
Entabula-se uma conversa:
Em poucos minutos falamos de Orreda,de Luiza,de Foed,de Julio(todos mestres da escrita iratiense).De ALACS ,de colégio de freiras,seminário,de jornas,de trens,de livros,das rosas de tia Luiza,de monjolos,de danças e...de ferrarias,é claro.
A mão vasculha os bolsos do pulouver escuro e um punhado de balas de menta surge como num passe de mágica.
_Toma!...É para adoçar a tua vida.E a minha também,sorri,enquanto ingere uma delas .
As bochechas incham-se, delatando reviravoltas mentoladas pelo interior da boca.Um ar de satisfação e a conversa prossegue.
Sou-lhe todo ouvidos:
-Sabes quem esteve em minha casa dias atrás? O “Pepinho Richa!”(irmão do governador do PR),profere com ar de satisfação.Passou algumas horas em minha companhia.Fotografou alguns aposentos,ângulos do quintal,tocou violão...Subiu ao sótão e,da janela,matou saudades.Queria rever os espaços em que sua mãe pisou quando em criança...
"Fiquei feliz pelo menino”,acrescentou.
Essa frase veio acompanhada de um sorriso quase paternal.
Mais alguns assuntos e um convite.
_Apareça lá em casa "Teixeira",vai tomar um cafésinho comigo.Temos muito o que conversar.
A bengala,feito um mero complemento de sua indumentária,fez um ligeiro giro pelo ar e ele foi retirando-se em passadas firmes,vigorosas,,joviais...
Por um instante veio-me a lembrança de Fred Astaire ,dançando na chuva.
Quando a esquina escondeu-lhe por trás do muro,eu ainda ruminava pensamentos:
-É claro que aparecerei por lá,selaremos nosso encontro num gostoso cafesinho meu querido amigo GASPAR VALENGA (O Seo Gaspar!!!)
PS.Esse texto faz parte de uma coletânea denominada “Coisas de Irati”,direcionada a um grupo de amigos no facebook.Gaspar Valenga,com mais de oitenta anos,exerceu a profissão de ferreiro durante a maior parte de sua existência.Paralelo a isso,foi sempre um amante da leitura e profundo conhecedor da história de nossa cidade.Participante ativo da Universidade aberta da terceira idade,publicou dois livros onde relata fatos históricos de Irati e do Paraná.Figura carismática e querida por todos.Membro da ALACS
(Academia de Letras do Centro Sul do PR) e muito atuante na comunidade de Riozinho,onde reside.
Como ele faz questão de frisar:”Guarda na memória os ecos de ferraria e as lembranças boas de tudo o que viveu”.
Memória viva da nossa história com quem pode-se cruzar vez e outra pelas esquinas da nossa quase aldeia "Ir a ti".
A voz que chama por mim no portão ao lado,não me é estranha.
Arrasta a entonação familiar de alguém à quem se quer bem.
Ao sair para atender,deparo-me com a grata surpresa:
Amparado em sua bengala (um mero detalhe do qual ele nem precisaria) traz o costumeiro sorriso na face.Sob os óculos,um olhar azulado,tanto quanto o céu da tarde.
Nos cabelos a alvura das revoadas e da boca ,palavras que agem como fluídos .
Toco em suas mãos com todo o respeito e admiração que lhe devoto.Faço-lhe sabedor da enorme alegria que sua presença me causa.
Recusa-se a entrar;tem uma certa pressa. O falecimento de um amigo ,trouxera-lhe ao campo santo para a última despedida.
No caminho de volta,a demonstração de afeto à este que tem o privilégio de fazer parte de seu círculo de amizades.
Entabula-se uma conversa:
Em poucos minutos falamos de Orreda,de Luiza,de Foed,de Julio(todos mestres da escrita iratiense).De ALACS ,de colégio de freiras,seminário,de jornas,de trens,de livros,das rosas de tia Luiza,de monjolos,de danças e...de ferrarias,é claro.
A mão vasculha os bolsos do pulouver escuro e um punhado de balas de menta surge como num passe de mágica.
_Toma!...É para adoçar a tua vida.E a minha também,sorri,enquanto ingere uma delas .
As bochechas incham-se, delatando reviravoltas mentoladas pelo interior da boca.Um ar de satisfação e a conversa prossegue.
Sou-lhe todo ouvidos:
-Sabes quem esteve em minha casa dias atrás? O “Pepinho Richa!”(irmão do governador do PR),profere com ar de satisfação.Passou algumas horas em minha companhia.Fotografou alguns aposentos,ângulos do quintal,tocou violão...Subiu ao sótão e,da janela,matou saudades.Queria rever os espaços em que sua mãe pisou quando em criança...
"Fiquei feliz pelo menino”,acrescentou.
Essa frase veio acompanhada de um sorriso quase paternal.
Mais alguns assuntos e um convite.
_Apareça lá em casa "Teixeira",vai tomar um cafésinho comigo.Temos muito o que conversar.
A bengala,feito um mero complemento de sua indumentária,fez um ligeiro giro pelo ar e ele foi retirando-se em passadas firmes,vigorosas,,joviais...
Por um instante veio-me a lembrança de Fred Astaire ,dançando na chuva.
Quando a esquina escondeu-lhe por trás do muro,eu ainda ruminava pensamentos:
-É claro que aparecerei por lá,selaremos nosso encontro num gostoso cafesinho meu querido amigo GASPAR VALENGA (O Seo Gaspar!!!)
PS.Esse texto faz parte de uma coletânea denominada “Coisas de Irati”,direcionada a um grupo de amigos no facebook.Gaspar Valenga,com mais de oitenta anos,exerceu a profissão de ferreiro durante a maior parte de sua existência.Paralelo a isso,foi sempre um amante da leitura e profundo conhecedor da história de nossa cidade.Participante ativo da Universidade aberta da terceira idade,publicou dois livros onde relata fatos históricos de Irati e do Paraná.Figura carismática e querida por todos.Membro da ALACS
(Academia de Letras do Centro Sul do PR) e muito atuante na comunidade de Riozinho,onde reside.
Como ele faz questão de frisar:”Guarda na memória os ecos de ferraria e as lembranças boas de tudo o que viveu”.
Memória viva da nossa história com quem pode-se cruzar vez e outra pelas esquinas da nossa quase aldeia "Ir a ti".