Meu Caro Oscar, Meu Caro Nelson

Muito bem lembrado. Renan Calheiros foi eleito para a presidência do Senado há poucos dias do início do Carnaval. Como o outro também, para a presidência da Câmara dos Deputados. Ambos do PMDB, o partido do oportunismo. Logo, logo, essas eleições estarão esquecidas. Porque o negócio é ver como vai ser dessa vez a comissão de frente da Unidos da Tijuca e trepar, principalmente trepar, essa prerrogativa salutar que Deus nos deu. E que pode significar a síntese carnavalesca. É só verificarmos o número de nascimentos após o período. Quem vai se preocupar com outra coisa que não sejam essas durante o Carnaval? E depois dele, decorrido um tempo que terá parecido muito grande, tudo volta ao normal. E ninguém vai se importar com as possíveis falcatruas (termo patenteado pelo PT) que o Renan ou os dois tenham cometido.

Votei duas vezes no Lula e você poderá dizer “azar o seu”. Eu diria: azar o nosso, ou do Brasil. Na verdade, não podemos ser tão (norte, nordeste) radicais. O Brasil devia muito ao FMI e depois, sob a batuta do Lula, chegou a emprestar grana àqueles colonizadores universais. Aliás, dizia-se que a dívida era impagável. Como pode ter sido paga em tão pouco tempo? Ou de uma hora para outra? Ninguém veio nos explicar. E também devemos reconhecer que, durante a gestão do barbudo, que poderia ser alcunhado como um dos “filhotes da ditadura”, nos termos do grande Brizola, durante a gestão do barbudo, o Brasil teve uma presença marcante no cenário internacional.

No entanto, o que não consigo engolir é que esses pontos, que possam ser considerados positivos, tenham a ver com um grupo de pessoas, uma agremiação ou partido que abrigue integrantes sob os quais recaem numerosas acusações de ilicitudes. Dizem que o filho do Lula está milionário. E ninguém veio provar o contrário. Se foi trabalhando, tudo bem. E se foi beneficiando-se com os recursos do erário? José Dirceu precisou fazer plástica para entrar no Brasil no tempo em que havia ideologia. E qual será a dele agora, envolvido com o Waldomiro a partir de 2004 (ou muito antes de) e condenado pelo Supremo no ano passado? Lula apertando a mão do Maluf. Lembro-me de ter lido em algum jornal, quando era mais jovem, a seguinte frase do barbudo quando foi detido na época da ditadura: “Eu aqui preso e o Maluf aí fora”.

Incoerências que não conseguem ficar claras para mim. Apesar do meu respeito e admiração, repito, por Oscar Wilde e Nelson Rodrigues. Para quem, respectivamente, “a coerência é a virtude dos imbecis” e “toda unanimidade é burra”.

Maricá, 07/02/2013

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 07/02/2013
Reeditado em 08/02/2013
Código do texto: T4128872
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