Fofo...
Petit, Laika, Bidu, Xensi, Lessie, Joe, Soraya,...; nomes das celebridades caninas adotadas na história da minha família para os nossos melhores amigos. Morando no interior paulista, sempre tivemos quintais amplos e os nossos cães exploravam todos os seus recantos, alguns iam além, e, entravam no galinheiro... cocorocó por todos os lados...penas que voavam... Comida de cachorro não era ração! Minha mãe preparava angu de arroz ou polenta com pescoço de frango... Nossa! Vez ou outra, eu e a minha irmã invadíamos a cozinha para experimentar... Saborosa!
Ser cachorro em casa era poder desfrutar da vida canina, sem se parecer com o dono. Percebo nos dias de hoje, os cães personificados nos seus donos, ou, seria vice-versa... Absurdo! A brincadeira corria solta nos quintais; crianças, cachorro... sem querer vê-lo com personalidade humana. Criança tem que ser criança! Homem tem que ser homem! Cachorro tem que ser cachorro! Minha mãe nos chamava para o banho, e, o cachorro ficava no quintal para a nossa segurança. Cachorro era garantia de quintal bem guardado livre dos ladrões de galinha!
Mas! Memórias à parte vou escrever, sobre algo, acontecido dias desses na casa de uma grande amiga. Antes de contar esta história deixo aqui mencionado um trauma que carrego (agora um pouco menor) comigo, sobre os cães... Fui mordida duas vezes, ainda criança, meus pais tomaram a precaução de me vacinar contra a raiva. Como era dolorida tomar as injeções na barriga ao redor do umbigo!
Sempre que vou à casa de Carmencita, minha amiga, o Fofo, seu cachorro, vai para o quintal... e, lá fica explorando todos os cantos... Fofo é um vira-lata de porte pequeno, tão bonito... preto com manchas brancas.
Quinta-feira! “Carmencita, lindaaaaaaaaa, cheguei!” Abraços, beijos, conversa vai, conversa vem,... arrumo a mesa para o nosso lanche. Fofo faz alarido no quintal.
Late, late, late. Inoportuno o seu latido.
“Fofo, silêncio!”
Carmencita conta que o cachorro é dos mais silenciosos, educado para latir somente, o necessário.
Late, late, late...
“Cachooooooooorrrrrrrro! Silêncio!”
“Carmencita, pode ser que ele esteja latindo para uma barata ou outro bichinho!”
“Vou lá ver!”
Recuperando de uma cirurgia minha amiga caminha com dificuldades.
Vai até a porta da cozinha, olha e volta.
“Estranho... ele está com medo de um pedaço de graveto! Fica ali parado ao lado do graveto, latindo com insistência!”
Late, late, late...
“Vou lá ver o que está acontecendo, Carmencita!”
Olho pela porta de vidro e vejo Fofo, arranhando o chão.
“Carmencita, o chão está mexendo! Olha é uma cobra!”
Assustada, minha amiga abre a porta para Fofo entrar. Chegamos à conclusão óbvia de matá-la, pois, com a saída do cachorro, o réptil se movimenta com rapidez.
Não gosto de cobras, contudo não gosto de matá-las. O rodo é a minha arma... cada rodada que dou na cobra peço perdão pela ação...
“Perdão...”
Minutos se passam... parecem horas... o terror finca suas garras em mim. Parte do seu rabo pula de um lado. Eu pulo para o outro. Vocês podem pensar que uma cobra d’água não faz mal... mas, não sabemos se de fato o réptil era uma cobra d’água, contudo, tenho que assumir o heroísmo de Fofo... ele, com certeza, não sabia que ela podia ser inofensiva!
Fofo é o nosso Herói! Se ainda tenho medo de cães!? Um pouco menos graças ao Fofo!